Estudo revela que um em cada quatro jovens tem sintomas de depressão elevados

Sintomas de depressão e ansiedade duplicaram com a pandemia de covid-19. O sexo feminino e os jovens mais velhos demonstram níveis mais elevados destas patologias.

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Anthony Tran/Unsplash

Um estudo de análise, efectuado à escala global, estima que um em cada quatro jovens (25,2%) tem sintomas de depressão elevados e um em cada cinco (20,5%) apresenta sintomas de ansiedade altos devido à pandemia da covid-19. O trabalho, uma metaanálise de 29 estudos em que participaram 80.879 jovens de várias regiões do mundo, foi realizado por cientistas da Universidade de Calgary, no Canadá, e publicado na revista científica JAMA Pediatrics.

Em comunicado, a universidade realça que os sintomas de depressão e ansiedade duplicaram, em comparação com as estimativas de pré-pandemia, nas crianças e adolescentes. Segundo a metaanálise, que incorpora estudos da Ásia Central, Europa, Médio Oriente e das Américas do Norte, Central e Sul, são as raparigas e os jovens mais velhos quem demonstram níveis mais elevados de depressão e ansiedade.

Com base em estudos anteriores sobre doenças mentais na infância e adolescência, a investigação avança que o sexo feminino foi associado ao aumento dos sintomas depressivos e de ansiedade. A susceptibilidade biológica, baixa auto-estima, maior probabilidade de ter sofrido violência interpessoal e exposição ao stress associado à desigualdade de género podem ser factores que contribuem para este aumento.

“Estar socialmente isolado, afastado dos amigos, das rotinas escolares e das interacções sociais revelou ser muito duro para as crianças”, assinalou uma das co-autoras do estudo, Sheri Madigan, citada pela agência noticiosa Efe, enfatizando que os índices de ansiedade e depressão aumentam quando são impostas mais restrições.

Já a elevada taxa de depressão em jovens mais velhos pode estar relacionada com a puberdade e as mudanças hormonais, para além dos efeitos adicionais que o isolamento social e o distanciamento físico tiveram em crianças mais velhas que dependem da socialização com os colegas.

Outra das autoras, Nicole Racine, salientou que o “apoio social” dado aos jovens pelos amigos “diminuiu em grande medida ou, em alguns casos, faltou por completo durante a pandemia”, devido aos confinamentos prolongados. “Estes jovens não imaginavam que, quando se formassem, nunca chegariam a despedir-se da sua escola, dos seus professores ou amigos (...) e há um processo de luto associado a isso”, sustentou a psicóloga clínica.

A investigação refere ainda que o isolamento social contínuo, as dificuldades financeiras familiares, os marcos perdidos e as interrupções na escola possam estar a aumentar com o tempo para os jovens e a ter uma associação acumulativa.

O índice global de doenças mentais observados em crianças e adolescentes no primeiro ano da pandemia da covid-19 indica que “a prevalência aumentou significativamente, permanece alta e, por isso, requer atenção para o planeamento da recuperação da saúde mental”, lê-se no estudo. Por esta razão, ambas as investigadoras pedem mais apoios para a saúde mental de crianças e adolescentes em momentos críticos como uma pandemia.