Forças ruandesas e moçambicanas recuperam Mocímboa da Praia, anuncia Exército do Ruanda
Porta-voz das forças ruandesas avançou que a vila “era a última fortaleza dos insurgentes, o que marca o final da primeira fase das operações” contra os grupos armados no Norte de Moçambique.
As forças de segurança do Ruanda e de Moçambique recuperaram este domingo a vila portuária de Mocímboa da Praia, no Norte do país e anteriormente capturada pelos rebeldes, anunciou o Exército ruandês.
“A cidade portuária de Mocímboa da Praia, um grande bastião da insurgência há mais de dois anos, foi capturada pelas forças de segurança ruandesas e moçambicanas”, pode ler-se numa publicação das Forças de Defesa do Ruanda no Twitter.
A mesma publicação relembra que a vila, alvo de uma operação de recuperação por parte de Maputo e Kigali durante a última semana, “também incorpora a sede de distrito e o aeroporto”.
O porta-voz das forças ruandesas, Ronald Rwivanga, disse depois à AFP que a vila “era a última fortaleza dos insurgentes, o que marca o final da primeira fase das operações contra a insurgência”.
“Continuaremos as operações de segurança para tornar essas áreas completamente pacíficas”, acrescentou Rwivanga, manifestando a esperança que as pessoas deslocadas possam regressar em breve às suas casas.
Desde o início do mês que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique contam com o apoio de mil militares e polícias do Ruanda para a luta contra os grupos armados, no quadro de um acordo bilateral entre o Governo moçambicano e as autoridades de Kigali.
A vila costeira de Mocímboa da Praia, por muitos apontada como a “base” dos insurgentes, é uma das principais do Norte da província de Cabo Delgado, situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projecto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.
A vila tinha sido invadida e ocupada durante um dia por rebeldes em 23 de Março do ano passado, numa acção depois reivindicada pelo grupo jihadista Daesh, e foi, em 27 e 28 de Junho daquele ano, palco de longos confrontos entre as forças governamentais e os grupos insurgentes, o que levou à fuga de parte considerável da população.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Daesh. Na sequência dos ataques, há mais de 3100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.