Pedidos de ajuda ao INEM por situações de saúde mental aumentaram 24%

Houve também uma subida nos contactos por parte das faixas etárias mais novas.

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A linha SOS Criança recebeu 2217 apelos em 2020 Miguel Manso

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) registou um aumento de ocorrências nos primeiros sete meses de 2021, em comparação com 2020, e os casos de saúde mental cresceram nas chamadas, avançou este domingo o Jornal de Notícias (JN). Durante a pandemia, houve também um aumento nos pedidos de ajuda por parte das faixas etárias mais novas, que manifestaram dificuldade em gerir emoções e controlar a agressividade.

Entre Janeiro e Julho deste ano, o INEM registou um aumento de 24% nas ocorrências do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC). Além disso, houve também um aumento de 7,2% nos problemas psiquiátricos e suicídios.

Médicos e especialistas já tinham alertado para a crise da saúde mental há vários meses, chamando a atenção de que os pedidos de ajuda psicológica e psiquiátrica iriam aumentar à medida que a pandemia de covid-19 avançasse. 

Entre Abril e Junho deste ano, as ocorrências relacionadas com crises de ansiedade aumentaram em mais de metade (55%), e as relacionadas com perda de controlo emocional subiram 19%, revelou ao JN Sónia Cunha, responsável do CAPIC. Citada pelo jornal, referiu que, desde que a pandemia se instalou, os meses não foram todos iguais, reflectindo antes “a evolução da covid-19, as diferentes fases e as respostas exigidas à comunidade para conter” o vírus.

Muitas vezes são os pais a contactar em primeiro lugar os serviços de apoio e a manifestar incapacidade de lidar com a agressividade ou o incumprimento de regras por parte dos mais novos. 

Mas também há casos em que são mesmo os próprios a pedir ajuda. Os dados do CAPIC dão conta de um número crescente de chamadas por parte dos mais novos devido a problemas provocados pela pandemia. “Temos percebido, sobretudo nos mais jovens, um aumento significativo de perturbação ao nível da saúde mental”, afirmou ao JN a psicóloga do INEM. Na faixa etária entre os dez e os 15 anos, foi registada uma variação positiva de cerca de 125% de Abril a Junho deste ano. A percentagem baixa entre os cinco e os nove anos, mas é ainda assim considerável: um aumento de 83% face a igual período de 2020.

“Têm dificuldade em gerir as emoções, controlar os impulsos e falar com os adultos sobre isso. Percebem que estão em risco”, disse Sónia Cunha, destacando ainda a existência de “sintomatologia do foro psicótico”, com uma “desorganização mental mais severa”.

Só a linha SOS Criança, um serviço gratuito e confidencial do IAC em que os menores podem falar várias vezes com uma equipa de psicólogos, recebeu 2217 apelos em 2020, embora nem todos relacionados com saúde mental.

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