Seis décadas depois de Jane Jacobs, ainda andamos a tentar salvar a rua
Há 60 anos, o livro A Morte e a Vida de Grandes Cidades Americanas abria-nos os olhos para os riscos de um urbanismo racionalista, desligado do quotidiano das pessoas, da vizinhança, da rua. Por causa dele, Jane Jacobs é vista como a voz fundadora de um movimento de humanização da cidade que hoje ainda ecoa no debate público, em propostas como a Cidade de 15 Minutos, ou nas ruas inclusivas da cidade galega de Pontevedra. Num planeta em urbanização crescente, o sonho de uma cidade aberta à diversidade e menos desigual está por cumprir, mas este é um livro essencial para o caminho.
A meio de uma entrevista com o PÚBLICO, no terceiro andar do edifício da câmara municipal, o alcalde de Pontevedra cala-se. “Escutem!” – pede-nos. Num segundo, o silêncio repentino da enorme sala onde Miguel Anxo Lores nos recebe enche-se de rua, que sobe até ali, num coro de vozes desconfinadas, há anos, do tráfego de 14 mil veículos que diariamente a percorriam. Premiada internacionalmente pelo modelo urbano que resgatou a cidade para as pessoas, o município da Galiza criou uma “faculdade”, a Ágora, para espalhar a mensagem com a ajuda de alguns dos embaixadores de um urbanismo humanista, como Jan Gehl (autor de A Vida entre Edifícios, 1971), Francesco Tonnuci (A Cidade das Crianças, 1995) e na qual participa também o nome mais sonante do momento, Carlos Moreno (e a sua mais recente Cidade dos 15 Minutos, de 2015).
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