Tadej Pogacar, le champion

O esloveno vai vencer o Tour pela segunda vez, com apenas 22 anos, e isso é algo que já todos sabiam que iria acontecer. Por mérito próprio, Pogacar fez por garantir que o “crono” deste sábado, a última etapa competitiva do Tour, para nada contaria.

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Reuters/STEPHANE MAHE

Este seria o texto em que, após a última etapa competitiva da Volta a França (a última, na chegada a Paris, é para consagração), estaríamos a anunciar o vencedor da corrida. Mas Tadej Pogacar tratou de garantir que, neste sábado, nada de bombástico há para anunciar. Vai vencer o Tour pela segunda vez, com apenas 22 anos, e isso é algo que já todos sabiam que iria acontecer.

Em 2020, no contra-relógio final da Volta a França, Tadej Pogacar escreveu uma das mais inesperadas e gloriosas histórias do Tour, “roubando” do “bolso” de Primoz Roglic o triunfo na corrida gaulesa. Em 2021, o contra-relógio não era para heroísmos. Por mérito próprio, o esloveno assegurou que o “crono” deste sábado, a última etapa competitiva do Tour, para nada contaria.

Este foi um bom dia para Pogacar rolar tranquilamente e absorver o carinho do público gaulês, terminando o “crono” da etapa 20 em oitavo lugar. O melhor tempo ficou para o belga Wout van Aert (Jumbo), seguido do suíço Stefan Küng (FDJ), campeão europeu desta especialidade.

Guerreiro no top 20

A Volta a França 2021 tornou-se de tal forma monótona que esta última etapa competitiva não produziu uma única alteração de lugares no top 10. O pódio final da corrida, salvo alguma queda ou lesão grave na etapa 21, será composto por Pogacar, Jonas Vingegaard (Jumbo) e Richard Carapaz (INEOS).

Esta foi também a etapa em que o português Rúben Guerreiro, longe de ser um especialista em contra-relógio, confirmou as recentes melhorias nesta vertente. Terminou o dia com o 32.º melhor tempo e selou o 18.º lugar na classificação – é o segundo top 20 do ciclista de Pegões em “Grandes Voltas”, depois do 17.º lugar na Vuelta 2019.

Já o outro português em prova, Rui Costa, vai sair desta corrida com um 78.º lugar, mas a posição pouco lhe importava. O mais importante foi feito e, no bloco da Emirates, ajudou Pogacar a ser campeão.

Domingo de Cavendish

Neste domingo corre-se a última etapa do Tour. Aquele que costuma ser um dia pouco relevante – tarde para champanhe para o vencedor e sprint no final do dia, nos Campos Elísios – poderá ser, por outro lado, um dia de um valor simbólico tremendo.

Mark Cavendish tem a possibilidade de se tornar o ciclista com mais triunfos em etapas na história da Volta a França – poderão ser 35, contra as 34 de Eddy Merckx.

A equipa Deceuninck abdicou de providenciar um sprint na etapa 19, apostando tudo na 21.ª, possivelmente “de olho” no inegável simbolismo de selar o recorde em Paris. E isto tem um significado claro: neste domingo, haverá uma boa história para contar. Ou será a história da glória suprema de Cavendish, aos 36 anos, ou será a história do dia em que tudo ruiu por culpa de uma opção discutível de “Cav” e da Deceuninck, que, por alguma soberba, terão aberto mão da última oportunidade da carreira do veterano inglês, que está neste Tour sem concorrência à altura.

“Amanhã vamos sprintar e tentar. Temos a melhor equipa para sprints neste Tour e veremos o que acontece. [O recorde] seria bonito, não seria?”, perguntou Cavendish. Seria bonito, sem dúvida, se correr bem. Mas o risco de apostar tudo em Paris pode tornar o cenário idílico e bonito, como definiu Cavendish, numa das surpresas mais feias dos últimos anos. Aconteça o que acontecer, em 18 de Julho de 2021 a etapa dos Campos Elísios não será apenas uma celebração colectiva.

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