A nova revolução do mundo laboral

Após as mudanças causadas pela pandemia, o trabalho como o conhecíamos irá tornar-se uma memória distante. A questão não é se nos devemos adaptar a longo prazo, mas como.

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Rui Gaudencio

Acordar, preparar-se, ir para o escritório, trabalhar das 9h às 17h, voltar para casa, comer, Netflix, dormir, repetir. Esta rotina pode trazer memórias ao leitor, mas para muitas profissões pode ser algo do passado - pelo menos de acordo com as tendências actuais.

Um estudo do Future Forum concluiu que 83% dos inquiridos prefeririam não regressar ao escritório cinco dias por semana e segundo a Morning Consult quase metade da Geração Z prefere mudar de emprego a voltar ao escritório. Os líderes devem ver esta situação pelo que ela realmente é: uma oportunidade. 

Durante os últimos meses provou-se que muitas funções podem ser realizadas à distância com a mesma produtividade – senão superior. Nesse período, o trabalho remoto foi normalizado, criando uma oportunidade sem precedentes de nos livrarmos de processos ineficientes, enquanto mantemos as melhores partes da cultura pré-existente. Para optimizar esta mudança, as organizações devem repensar os seus métodos de trabalho, flexibilizando-se para encorajar a autonomia e a responsabilidade individual de cada um, ajudando a criar um sentimento de propósito renovado. Mas como? 

Primeiro, sempre que possível, o local de trabalho deverá ser um híbrido entre casa, escritório e/ou qualquer lugar à escolha do colaborador. As equipas devem decidir o que funciona para elas e as empresas devem fornecer as condições necessárias para que as mesmas sejam produtivas. Para muitas organizações, isso significará que o escritório tornar-se-á menos um lugar para o trabalho individual e mais um espaço para colaboração e interacção social. Em alguns casos, poderá até tornar-se dispensável. 

Em seguida, os líderes precisam de actualizar as suas noções de liderança para uma força de trabalho remota. Isso significa focar-se mais no resultado, ao invés das horas trabalhadas. É importante realçar que os líderes precisam de estar disponíveis para ouvir as necessidades da sua equipa, tornando-se mais mentores do que gerentes. 

Por fim, as organizações precisam de adoptar novas abordagens para criar um propósito comum. O melhor catalisador estará na forma como os objectivos da empresa e das equipas serão definidos. Idealmente, todos deverão ser incentivados a participar na definição de metas comuns, permitindo dessa forma que se identifiquem mais prontamente com o seu trabalho diário. A longo prazo, isso contribuirá para uma cultura corporativa coesa, comprometida e entusiasmante. Os colaboradores gostam de saber que o seu trabalho está a ir no sentido de alcançar uma meta que eles próprios ajudaram a definir e que se confia que eles sejam as pessoas certas para a atingir.

Acrescentar ainda que, tal como sugerem os princípios de definição de OKR, esses objectivos deverão ser deliberadamente exagerados. Se apontarmos para Marte, é mais provável que alcancemos a Lua - e se chegarmos a Marte, apontemos a Júpiter. A constante busca pelo próximo passo irá libertar o potencial inexplorado das equipas. 

Dito isto, o futuro do trabalho parece quase utópico: menos tempo em viagens, mais tempo para a vida pessoal, liberdade de percorrer o mundo sem ter que mudar de emprego e um maior sentido de propósito. Esta é uma oportunidade que não podemos deixar escapar. Ainda há um caminho a ser feito, claro que sim. Vamos fazê-lo juntos. 

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