Inglaterra é finalista do Europeu pela primeira vez

Ingleses derrotam Dinamarca em Wembley por 2-1 após prolongamento e vão defrontar a Itália na final do próximo domingo.

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LUSA/Laurence Griffiths / POOL

Wembley, um dos mais míticos estádios do futebol mundial. Foi num recinto com este nome que a Inglaterra, país que reclama para si a invenção do futebol moderno, conquistou o único grande troféu da sua história, o Mundial em 1966, e passou as décadas seguintes a amargar com várias frustrações em diferentes graus. Cinquenta e cinco anos depois, num Wembley diferente, a selecção inglesa conquistou o direito de disputar a final do Euro 2020 (no domingo, no mesmo palco, frente à Itália), com um triunfo, por 2-1, sobre uma bravíssima Dinamarca, que não ficou longe de emular os feitos da “dinamite dinamarquesa” de 1992.

Não haveria jogo com maior componente emocional que este. Cada uma das equipas tinha o seu 12.º jogador em Wembley, a Inglaterra de forma mais literal, a jogar este Europeu quase sempre em casa para um público entusiasmado e profundamente optimista no regresso do futebol a “casa”, a Dinamarca a funcionar com o combustível emocional de não ter Christian Eriksen fazendo dele o seu foco. E por estas razões qualquer uma destas equipas seria perigosa nesta meia-final e na luta pelo direito de disputar a final com a Itália naquele mesmo relvado.

Com base no seu estilo pragmático, a Inglaterra tentou ser dominante, mas não conseguiu. Bateu de frente com uma Dinamarca perfeitamente estruturada para este jogo, em que todos os jogadores sabiam exactamente o que fazer a cada momento. E, depois dos primeiros 15 minutos, foram os nórdicos a trabalhar mais para o golo, conseguindo largos períodos em que tinha mais bola, muito por culpa da dupla central de médios, Hojbjerg e Delaney, e pela omnipresença do voluntarioso Braithwaite.

E como esta Dinamarca não é só defender, o perigo começou a rondar a baliza de Jordan Pickford. Aos 25’, Mikkel Damsgaard teve um primeiro ensaio, com um belo remate já dentro da área em que a bola não passou muito longe do poste. Cinco minutos depois, o primeiro grande momento do jogo. Livre à entrada da área e avança Damsgaard. De pé direito, o jovem de 21 anos elevou a bola acima da barreira inglesa (e todos saltaram bem alto) e esta rapidamente caiu e entrou no bocadinho entre o poste e a mão de Pickford. Mais um grande golo para aquele que foi chamado à equipa para compensar a ausência de Eriksen.

A Inglaterra teve o grande mérito de não ficar baralhada com o primeiro golo sofrido neste Euro 2020. E não parou enquanto não chegou ao empate. Primeiro, aos 38’, foi Raheem Sterling a obrigal Schmeichel a uma enorme defesa num remate à queima-roupa, à beira da pequena área. No minuto seguinte, golo. Tudo começou num grande passe de Harry Kane, a partir de uma posição mais recuada, na direcção de Saka, que direcciona a bola para Sterling, mas, antes que este pudesse lá chegar, foi Kjaer a fazer mais um autogolo neste Euro (têm sido muitos).

E assim fomos para o intervalo de um jogo com grande carga emocional que estava a cumprir todas as expectativas. O jogo regressou, e a Dinamarca continuou no seu ritmo de controlo, a confiar na solidez defensiva (Vestergaard foi enorme) e nos genes do homem que tinha na baliza, Kasper, filho de Peter. E o guardião do Leicester City fechou autenticamente a sua baliza na segunda parte, com uma defesa incrível aos 55’, a um cabeceamento de Maguire, e outra menos incrível, aos 73’, a um cruzamento-remate de Mount.

Gareth Southgate foi lançando os seus criativos a conta-gotas, primeiro Jack Grealish ainda durante os 90 minutos. Mas o médio do Aston Villa pouco acrescentou para evitar o prolongamento muito desejado pela Dinamarca, e que a Inglaterra parecia querer evitar. Mas houve mesmo mais 30 minutos de futebol em Wembley, e o seleccionador britânico lá se decidiu por mais criatividade no ataque, com a introdução de Foden.

Foram, porém, os que já lá estavam desde o início que acabaram por decidir, como já tinham decidido em quase todos os jogos do torneio. Sterling ganhou um penálti que não parece nada evidente num lance com Maehle. Ainda houve uma pausa para o VAR, mas a falta foi ratificada. Harry Kane, o capitão, avançou, rematou, Schmeichel defendeu, mas a bola foi ter com o avançado do Tottenham e ele não falhou na segunda tentativa.

A Dinamarca ainda tinha tempo – cerca de 15 minutos – para nivelar o jogo, mas já tinha poucas pernas e o discernimento também já não era muito. A Inglaterra fechou-se e controlou o que faltava, até à explosão final em Wembley, onde não houve distanciamento social que resistisse.

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