Economistas cautelosos face às previsões de crescimento

O segundo barómetro de 2021 da Ordem dos Economistas faz uma avaliação anual da situação fiscal em Portugal e das perspetivas de recuperação, tendo como base a opinião de 271 membros fazendo uma comparação com o barómetro homólogo de 2020.

Relativamente ao crescimento para 2021, das quatro previsões em análise, a que reuniu menor nível de confiança entre os participantes deste barómetro foi efetivamente a previsão mais otimista (Banco de Portugal – 4,8%), com uma nota de 2,42 (na escala de 1 a 5). De facto, o nível de confiança foi proporcionalmente inverso ao otimismo das previsões, seguindo-se a previsão do Ministério das Finanças (4,0%) com 2,75 de nível de confiança, a da Comissão Europeia (3,9%) com 3,04 e a da OCDE (3,7%) com 3,17. Em termos concretos, 53,9% dos membros antecipam uma taxa de crescimento positiva, entre os 2% e os 4% e 12,5% acreditam que será superior a 4%. Menos otimistas encontram-se 29,5% dos inquiridos, que esperam um crescimento positivo entre 0% e 2% e 4,1% que antevêem um cenário de recessão.

A inflação anual da zona euro é estimada pelo Eurostat em 1,9% em junho, que se comparam com os 0,3% do mês homólogo e os 2,0% de maio. Na União Europeia, em maio, a taxa foi mais elevada, situando-se nos 2,3% e em Portugal nos 0,5%. Neste contexto, apenas 43,5% dos membros concordam que a atual subida da taxa de inflação levará inevitavelmente ao aumento das taxas de juro no curto-prazo, contra 56,5% que discordam. Uma sólida maioria de 70,1% opõe-se à redução dos estímulos, devido ao atual aumento da inflação. Adicionalmente, 67,2% concordam que as taxas de juro deverão manter-se inalteradas, atendendo à atual situação de recuperação económica, contra 32,8%. Relativamente aos estímulos à economia, 77,9% concordam que se deverão manter desde que a taxa de inflação se mantenha perto do target do Banco Central Europeu (BCE) de 2%. Porém, apenas 41% concordariam manter os estímulos mesmo que a taxa de inflação supere o target do BCE de 2%.

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Com a depreciação dos indicadores económicos registada no ano anterior, nomeadamente do défice e da dívida pública, 55,9% dos economistas antecipam um aumento da carga fiscal futura. Contudo este valor contrasta com uma opinião muito mais negativa do ano anterior, cuja expectativa de aumento da carga fiscal era de 81%. No barómetro homólogo apenas 0,5% colocaria o cenário de diminuição da carga fiscal, e nesta edição 2,9% consideram-no possível. Na opinião “mantém-se”, registou-se 41,2% das respostas em 2021 que contrasta com 18,3% em 2020.

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A recente aprovação por parte do G7 relativa a um imposto mínimo de 15% para as multinacionais foi visto por 71% dos participantes no barómetro como positivo, mas tratando-se apenas de um primeiro passo, com efeitos reais apenas no médio/longo prazo.

Relativamente à avaliação anual da carga fiscal, a perceção geral mantém-se entre alta e muito alta, com uma média de 4,43 (numa escala de 1 a 5). Dos inquiridos 90,8% consideram-na como alta ou muito alta e para 60,3% (60,6% em 2020) o nível de impostos pagos traduz-se num retorno pessoal negativo ou muito negativo. Também numa comparação com os restantes países da UE, 80,2% (82,4% em 2020) consideram a carga fiscal mais alta ou muito mais alta.

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No caso de uma descida de impostos, 52,9% dos membros inquiridos elegeria o IRS (41% em 2020) como o alvo principal, seguindo-se o IRC com 23,9% (27% em 2020) e o IVA com 16,2% (26,4% em 2020). Com menor expressão, seguem-se os impostos do ISP com 4,8% (1% em 2020) e do património com 2,2% (4% em 2020).

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Pelo quarto ano consecutivo, a estabilidade voltou a ser considerada o factor mais relevante para um bom sistema fiscal, seguindo-se uma carga fiscal baixa e uma rápida resolução de problemas. O indicador de avaliação da estabilidade regrediu face ao ano anterior, anulando parcialmente a recuperação de 2020 (65,1%) face a 2019 (71%) no que concerne à percentagem de respostas que consideram o sistema como “instável” ou “muito instável”, fixando-se em 2021 nos 68,7%. Os restantes 31,3% dividem-se entre 22,8% que consideram o sistema como equilibrado e apenas 8,5% que o consideram estável ou muito estável. 

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Os autores escrevem segundo o novo Acordo Ortográfico

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