Crianças do Algarve: um mal nunca vem só

Pior do que fechar escolas é fechar escolas numa região pobre. O Algarve é a região mais pobre de Portugal Continental.

Eu sei que para muitas pessoas o Algarve é só um sítio com umas belas praias e bom peixe. Mas a verdade é que por lá vivem pessoas e crianças que foram especialmente fustigadas nestes tempos pandémicos. Num artigo que escrevi com dois colegas (João Pereira dos Santos e Bruno P. Carvalho), utilizamos informação de pagamentos eletrónicos da SIBS para estimar o impacto regional da crise. As regiões que mais sofreram foram Lisboa e Vale do Tejo, Madeira e Algarve. Foram, de resto, as únicas que não recuperaram o nível de compras eletrónicas pré-pandemia no verão de 2020. A tragédia do Algarve é a sua dependência excessiva do turismo, que é uma atividade que pressupõe, mais do que nenhuma outra, deslocações de pessoas – deslocações que estão suspensas em tempo de pandemia. Em 2019, o Algarve recebeu cinco milhões de hóspedes, responsáveis por 21 milhões de dormidas. Em 2020, foram bem menos de metade: 1,9 milhões de turistas e 7,6 milhões de dormidas. As contas da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve mostram que o volume de negócios diminuiu 65%.

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