Brisa diz que trabalhos na A6 estavam devidamente sinalizados e contraria a versão do MAI

A 19 de Junho, um dia depois do acidente, o MAI disse que “não havia qualquer sinalização que alertasse os condutores para a existência de trabalhos de limpeza em curso” e sublinhou que o “trabalhador atravessou a faixa de rodagem, próxima do separador central, apesar de os trabalhos de limpeza em curso estarem a decorrer na berma da auto-estrada”.

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Carro onde seguia o ministro Eduardo Cabrita ficou amolgado no lado do condutor LUSA/Paulo Cunha

A BRISA diz que os trabalhos na A6, onde um trabalhador de 43 anos que fazia a manutenção da berma foi atropelado mortalmente, ao quilómetro 77, pelo carro onde seguia o ministro Eduardo Cabrita, estavam devidamente sinalizados, contrariando a versão apresentada pelo Ministério da Administração Interna (MAI).

A notícia é avançada pela SIC que cita fonte oficial da BRISA e foi confirmada pelo PÚBLICO que contactou o MAI para obter esclarecimentos adicionais sobre a diferença de versões. Porém, fonte do MAI referiu apenas que, “estando a decorrer um inquérito pelo Ministério Público, não tem nada a acrescentar aos esclarecimentos públicos já prestados”.

A 19 de Junho, um dia depois do acidente, o MAI disse que “não havia qualquer sinalização que alertasse os condutores para a existência de trabalhos de limpeza em curso”, e sublinhou que o “trabalhador atravessou a faixa de rodagem, próxima do separador central, apesar de os trabalhos de limpeza em curso estarem a decorrer na berma da auto-estrada”. O acidente está a ser investigado pelo Ministério Público (MP) e esta será uma das questões para esclarecer.

Ao que o PÚBLICO apurou junto de fonte ligada ao processo, o MP terá em conta a perícia feita ao carro em que seguia o ministro e que revelará a velocidade a que circulava. Outra questão a esclarecer será o facto de a viatura circular na via mais à esquerda quando havia pouco trânsito. O carro ficou amolgado do lado esquerdo, ou seja do lado do condutor, tendo o trabalhador sido colhido junto ao separador central da via e numa recta. Uma investigação que poderia ser facilitada se houvesse câmaras de vigilância naquele ponto da auto-estrada, mas a câmara mais próxima está no quilómetro 76.

A par do inquérito do MP, também o INEM abriu um processo de averiguações ao socorro prestado ao trabalhador. Alegadamente, o INEM terá chegado depois da GNR ao local do acidente.<_o3a_p>

A questão foi lançada pelo médico António Peças, que presta serviço no Hospital de Évora e na viatura médica de emergência e reanimação (VMER) do INEM daquela unidade hospitalar, que na rede social Facebook levantou dúvidas sobre o socorro ao acidente.<_o3a_p>

“O que dizer da actuação do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM, que activou a VMER de Évora para o trajecto Évora - Montemor quando o acidente ocorreu no trajecto Estremoz - Évora, o que levou a que a VMER chegasse ao local mais de uma hora depois de iniciar o caminho para o local?”, escreveu, questionando: “E alguém no CODU ter modificado os dados inicialmente enviados na ficha de activação, corrigindo a localização da ocorrência?” Ao PÚBLICO, o INEM disse que o inquérito ainda não está concluído.

Fonte próxima da família referiu, no entanto, que o eventual atraso no socorro em nada influenciaria o desfecho do caso, devido ao estado grave em que ficou o trabalhador após o embate do carro.<_o3a_p>

A vítima trabalhava para a Arquijardim, empresa subcontratada pela Brisa para fazer a manutenção das bermas da auto-estrada. A família espera que a seguradora da empresa considere o caso como um acidente de trabalho e que não aguarde pelo desfecho do inquérito do MP para pagar o seguro. A vítima era o único sustento da família - mulher e duas filhas menores.

“Há três factos a ter em conta. O primeiro é que o trabalhador trabalhava para uma empresa que foi contratada pela Brisa para efectuar trabalhos na berma da auto-estrada; depois, o trabalhador estava devidamente identificado, uma vez que tinha um colete para o efeito; e as obras estavam devidamente sinalizadas”, referiu fonte próxima da família, sublinhando que não há motivos aparentes para que não seja considerado um acidente de trabalho.<_o3a_p>

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