Thorgan, o perigo continua a vir da família Hazard
Versátil e inteligente, o irmão de Eden Hazard é uma das figuras do Borussia Dortmund e promete dar muito trabalho ao lado direito da defesa portuguesa.
Quando se elogia a enorme qualidade da actual geração de futebol belga, há uma mão cheia de nomes que se destacam. Thibaut Courtois, Romelu Lukaku, Kevin de Bruyne e Eden Hazard são os mais mediáticos, mas, deste quarteto, o avançado do Real Madrid é o que tem perdido mais protagonismo. Culpa das lesões, que têm sido mais do que os golos na capital espanhola. No entanto, mesmo com Eden relegado a um papel secundário na selecção da Bélgica, muitos dos lances de perigo para Portugal, nos oitavos-de-final, continuarão a vir da família Hazard: Thorgan, que marcou contra a Dinamarca, terá a responsabilidade de fazer todo o corredor esquerdo belga.
Dois anos mais novo do que o mais velho de quatro irmãos, todos futebolistas, Thorgan tem vivido na sombra de Eden Hazard, protagonista há dois anos de uma das mais caras transferências de sempre do futebol mundial: em Julho de 2019, o Real Madrid pagou ao Chelsea cerca de 120 milhões de euros pela contratação do avançado nascido em La Louvière, cidade a sul de Bruxelas.
Sem o génio de Eden, Thorgan fez, tal como o irmão, a formação em França. Embora em clubes diferentes, os dois belgas cresceram próximo da fronteira belga e separadas por pouco mais do que 30 quilómetros: Eden fez a formação e destacou-se no Lille, onde marcou 44 golos em três épocas na Ligue 1; Thorgan estreou-se aos 19 anos na divisão secundária francesa, tendo feito 15 jogos pelo Lens, clube para onde se tinha transferido cinco anos antes.
Apesar de ter sido titular em apenas seis jornadas na Ligue 2 em 2011/12, a 24 de Julho de 2012 o Chelsea anunciou ter chegado a acordo com o Lens para contratar Thorgan, apenas 57 dias depois de Eden chegar a Stamford Bridge com pompa e circunstância: a troco de 35 milhões de euros, o mais velho dos Hazard juntou-se ao plantel dos “blues”, onde estavam também Hilário, Paulo Ferreira e Raul Meireles.
Embora pouco conhecido a nível internacional, o potencial de Thorgan Hazard, que tinha um percurso consistente pelas selecções jovens da Bélgica – mais de 40 internacionalizações - estava referenciado por vários clubes europeus e, poucas semanas antes da sua mudança para Londres, a imprensa belga noticiou que um dos interessados na contratação do promissor extremo era o Sporting.
Thorgan, no entanto, mudou-se para o Chelsea a troco de 500 mil euros, mas apenas fez um jogo pelos ingleses: a 17 de Agosto de 2012 jogou pelos sub-21 dos “blues” num empate a zero contra o Manchester City; duas semanas depois estava de regresso ao seu país, para jogar por empréstimo no Zulte Waregem.
Jogar em sete posições diferentes
Longe do irmão, Thorgan esteve duas épocas na principal divisão belga, onde se afirmou como uma das figuras da sua equipa. Em 2013/14, marcou 17 golos em 53 jogos e foi escolhido, numa votação feita pelos atletas do campeonato belga, como o melhor jogador da prova, sucedendo a nomes como Vincent Kompany, Ivan Perisic ou Carlos Bacca.
O sucesso na Bélgica serviu de trampolim para a selecção principal (estreia a 16 de Maio de 2013, com 20 anos) e para a Bundesliga – jogou por empréstimo no Borussia Mönchengladbach. No exigente campeonato alemão, Thorgan também não teve dificuldades em impor-se, começando, aos poucos, a sair da sombra do irmão mais velho. Destro, mas quase sempre descaído para o lado esquerdo, o belga começou a sobressair pela sua inteligência, ritmo de jogo e consistência táctica.
Um ano depois de chegar ao clube da cidade próxima da fronteira com os Países Baixos e a Bélgica, o Borussia pagou ao Chelsea oito milhões de euros e assinou um contrato de quatro anos com Thorgan. Acabou por ser um óptimo negócio para os alemães.
Nas cinco épocas em que esteve em Mönchengladbach, o extremo foi sempre subindo de rendimento e, em 2019/20, o técnico suíço Lucien Favre, com quem tinha trabalhado em Mönchengladbach, validou a contratação de Thorgan para o Borussia Dortmund por 25,5 milhões de euros.
No clube de Raphael Guerreiro, o belga fez 43 jogos na primeira época, mas, este ano, tal como o irmão, teve alguns problemas físicos. No entanto, sempre que está bem fisicamente, Thorgan é um todo-terreno em Dortmund, onde já jogou em sete posições diferentes: avançado; extremo esquerdo e direito; médio ofensivo pelo centro; interior esquerdo; lateral direito e esquerdo.
No 3x4x2x1 habitual de Roberto Martínez, a utilidade e versatilidade de Thorgan tem sido aproveitada maioritariamente no lado esquerdo, onde tem a responsabilidade de fazer todo o corredor.
Neste domingo, em Sevilha, com Eden muito provavelmente de início no banco, os genes da família Hazard continuarão a ser um problema para Portugal, e Thorgan promete dar muito trabalho a Nélson Semedo ou Diogo Dalot.