Moçambique “vai intensificar caça aos terroristas” em Cabo Delgado

Presidente moçambicano aproveitou o aniversário da independência para agradecer à SADC pelo envio de tropas, mas sublinhou que esta intervenção não irá “penhorar” a soberania do país.

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O conflito em Cabo Delgado provocou uma crise de deslocados na província, com mais de 730 mil pessoas a fugir das suas casas por causa da violência Paulo Pimenta

O Presidente moçambicano anunciou esta sexta-feira que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) vão “intensificar a caça aos terroristas”, numa altura em que aumentaram os ataques dos grupos jihadistas em Cabo Delgado, no Norte do país.

“As valentes FDS de Moçambique vão intensificar as acções operativas de caça a esses criminosos, com o apoio necessário da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e outros países amigos e irmãos, sem penhorar a nossa soberania”.

Nyusi agradeceu à SADC pelo seu “apoio total” a Moçambique e aplaudiu a decisão da organização regional de enviar soldados para ajudar os esforços do Governo moçambicano no combate à insurgência. Ao mesmo tempo que fazia questão de acrescentar que as operações da força internacional serão supervisionadas pelas autoridades moçambicanas.

“O nosso desafio é pôr fim aos focos de violência. Tudo faremos para que os próximos tempos sejam de desespero e agonia para os terroristas que actuam em Moçambique”, disse Filipe Nyusi, no seu discurso sobre os 46 anos da independência do país.

“Todos os moçambicanos devem manter-se unidos para combater o terrorismo”, acrescentou o chefe de Estado, pedindo a todos os moçambicanos que se mantenham “unidos para lutar contra o terrorismo”.

Segundo a secretária-executiva da SADC, Stergomena Tax, a força que a organização vai enviar “é parte de um pacto de defesa regional que permite a intervenção militar para evitar que o conflito se propague”, embora não tenha fornecido nenhum detalhe sobre a dimensão do contingente – chegou a falar-se em 3000 homens – e quando será enviado para o Norte de Moçambique.

Há meses que os líderes da SADC, composta por 16 países, onde se inclui Moçambique, Angola e África do Sul, tinham concordado em dar uma “resposta regional” ao problema jihadista em Cabo Delgado, mas a forma dessa resposta continua a tardar.

Envolvida numa guerra civil desde Outubro de 2017, altura em que os jihadistas realizaram o primeiro ataque em Mocímboa da Praia, Cabo Delgado já viu morrer mais de 2800 pessoas e mais de 730 mil estão deslocadas.

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