Escultura danificada de José Pedro Croft no Funchal vai ser removida e abatida

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Escultura de José Pedro Croft instalada nos jardins do Palácio de São Bento, a residência oficial do primeiro-ministro em Lisboa MMM MIGUEL MADEIRA - PòBLICO

A peça escultórica da autoria de José Pedro Croft que está instalada nos jardins da Rotunda Rotary, nos arredores do Funchal, vai ser removida na quinta-feira, e substituída por outra oferecida pelo artista ao concelho, anunciou a Câmara Municipal na quarta-feira.

A informação divulgada pela autarquia refere que a decisão de retirar a escultura surgiu devido as danos provocados na peça por uma palmeira de grande porte, no passado mês de Fevereiro.

Esta situação, acrescenta a autarquia, “colocou não só em evidência sinais de deterioração e desgaste na peça, provocados pela passagem do tempo, como também provocou outros danos irreparáveis na estrutura da obra”.

Devido a este problema, o município contactou o artista, que, no decorrer de uma visita ao Funchal, em Maio, avaliou o “estado da peça e quais as medidas adequadas a tomar em relação à escultura”.

“Após uma análise detalhada, tanto o artista, como a equipa de técnicos afectos à autarquia chegaram à conclusão que não é possível restaurar a peça de forma apropriada, além desta estar instalada num local desadequado à sua dimensão”, lê-se na nota municipal.

A Câmara do Funchal lembra que esta peça foi “idealizada no início dos anos 2000, por José Pedro Croft, para um espaço habitacional situado na freguesia de São Martinho, tendo sido, posteriormente, transferida para a Rotunda Rotary”.

Com base nesta avaliação, foi decidido “remover permanentemente a escultura do local e proceder ao seu abate”, aponta.

Contudo, acrescenta que “o autor não quis deixar a cidade órfã da sua obra”, e disponibilizou-se “oferecer ao Funchal um novo projecto da sua autoria, dando seguimento às políticas municipais de valorização do espaço público, e enriquecendo o património artístico e cultural da cidade”.

Nascido no Porto, em 1957, José Pedro Croft vive e trabalha em Lisboa, tendo frequentado o curso de Pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa.

Em 2001, venceu o Prémio Nacional de Arte Pública Tabaqueira, o Prémio EDP - Desenho e, no ano seguinte, 2002, o Centro Cultural de Belém (CCB) organizou uma exposição retrospectiva do seu trabalho.

Expõe individualmente com regularidade desde 1981. Em 2009, expôs na Pinacoteca do Estado de São Paulo - Museu de São Paulo de Arte Contemporânea, no Brasil, e na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, em 2007 e 2006.

Foi o representante de Portugal na Bienal de Arte de Veneza, em 2017.

A obra de José Pedro Croft está representada em colecções públicas e privadas, nomeadamente no Banco Central Europeu, em Frankfurt (Alemanha), no Museu Rainha Sofia, em Madrid (Espanha), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil), na Colecção Albertina, em Viena (Áustria), assim como nas colecções da Caixa Geral de Depósitos, da Fundação Calouste Gulbenkian, na Colecção Berardo, em Lisboa, e na colecção Fundação de Serralves, no Porto, assim como na Colecção de Arte Contemporânea do Estado.

Em 1992, foi agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e venceu, em 2007, o prémio da secção portuguesa da Associação Internacional dos Críticos de Arte.

“O autor destaca-se pelo carácter arquitectónico e harmonioso entre as suas peças e o espaço natural, tornando-as particularmente enriquecedoras para o meio envolvente”, realça a informação da Câmara do Funchal.