A Volkswagen mostrou que não entrava na competição da electrificação a brincar, com os lançamentos do familiar compacto ID.3 e do SUV ID.4 por valores que os equiparava aos seus similares a gasóleo. No entanto, para o fazer, era notório, havia algum compromisso nos materiais escolhidos: não sendo de qualidade pobre, também não transparecem o requinte que a VW nos habituou nas suas gamas.

Mas, agora, o grupo parece dar um passo de gigante, ao propor a versão de entrada do SUV da sua marca premium a partir de 44.852 euros, sendo todas as versões compatíveis com a fiscalidade verde pelo facto de se apresentarem abaixo dos 60 mil euros – até a de maior potência e mais recheada de equipamento. E, importante de sublinhar, o Q4 e-tron – o qual ainda só conseguimos ver ao vivo, mas não conduzir – não se mostra menos luxuoso que os seus companheiros de marca movidos a motores a combustão. Resultado: as 40 unidades disponíveis para pré-reserva esgotaram em dias.

A investida neste reforço no campo da electricidade percebe-se melhor depois de, esta terça-feira, o CEO da marca, Markus Duesmann, ter emitido uma declaração em que assume que “a Audi está pronta a dar o seu decisivo e poderoso passo para a era eléctrica”: a partir de 2026, o emblema de Ingolstadt ​planeia lançar apenas novos modelos de automóveis totalmente eléctricos, enquanto “gradualmente elimina” a produção de motores de combustão interna. Markus Duesmann avançou que a Audi deixará de fabricar carros a diesel e a gasolina até 2033.

O Q4 e-tron passa, então, a personificar a entrada de gama entre os eléctricos (a Audi já tem no seu portefólio o e-tron e o e-tron GT, ambos de segmentos acima), chegando com dois corpos e várias almas. Para já, a marca lança a carroçaria SUV, indo ao encontro das preferências dos clientes, mas ainda este ano apresentará a versão Sportback, de linhas mais elegantes, ao deixar cair o tejadilho ao estilo de um coupé, mas também mais eficiente em termos aerodinâmicos, o que lhe permite reivindicar maior autonomia.

Em termos de alcance a Audi não deixou créditos por mãos alheias, mesmo tendo em conta estarmos diante de um carro de quase duas toneladas (ou mesmo mais, no caso das versões quattro): entre 341 e 520 quilómetros, dependendo da motorização e da bateria. Há quatro conjugações distintas, sendo duas de tracção traseira: o Q4 e-tron 35 com motor eléctrico de 125 kW (quase 170cv) e bateria de 55 kWh, que na forma de SUV (desde 44.852€) reclama autonomia para até 341 quilómetros, enquanto no corpo de Sportback ( a partir de 46.920€) atinge os 349 quilómetros; e o Q4 e-tron 40 (SUV desde 51.784€ e Sportback desde 53.852€), com motor capaz de debitar 150 kW (201cv), que recorre a uma bateria de 82 kWh para conseguir percorrer até 520 quilómetros com uma só carga.

Por fim, de tracção integral, ambos com bateria de 82 kWh, há os e-tron 45 quattro e e-tron 50 quattro. O primeiro oferece uma potência de 195 kW (260cv) e chega entre 55.285 e 57.354€; o segundo, com potência de 220 kW (295cv), apresenta-se entre 57.383€ e 59.451€. Apesar de a bateria disponível ser a mesma do 40, a autonomia é inferior, entre outros factores, pelo aumento de peso da viatura: 488 quilómetros para o SUV e de 496 para o Sportback.

Assente na plataforma MEB, desenvolvida especificamente para acolher soluções eléctricas, o Q4 e-tron consegue revelar-se por dentro mais desafogado que o gigante Q7, garante a marca dos quatro anéis, embora por fora seja 47,5cm mais curto, o que se reflecte numa boa habitabilidade e numa bagageira capaz de acomodar até 520 litros no caso do SUV ou de até 535 litros no Sportback.

Na conectividade, promete também ser inovador, ao propor uma experiência totalmente digital, que pode incluir head-up display de realidade aumentada ou os serviços online Audi Connect com planeamento inteligente de rotas.

O Q4 e-tron chega com possibilidade de ser alimentado em corrente alternada e em corrente contínua: a bateria de 55 kWh em AC atinge os 7,2 kWh e em CC os 100 kWh; a de 82 kWh em AC carrega até 11 kWh e em CC até 125 kWh.