Passos voltou e disse que há reformas que só se fazem “em confronto”

Para Passos Coelho, “quem quer ver os problemas vê, quem quer actuar actua, quem quer reformar reforma” e “quem não quiser que fique para trás no seu castelo, que fique a negar a realidade”.

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Rui Rio com Passos Coelho, recentemente, no congresso das direitas Nuno Ferreira Santos

O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho acusou nesta quarta-feira a esquerda de “desqualificar” o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e avisou que há reformas que só se fazem “em confronto”, pedindo às forças políticas que “não esperem umas pelas outras”.

Um dia depois de o presidente do PSD, Rui Rio, ter encerrado as jornadas parlamentares do partido a repetir a acusação ao PS de não querer fazer reformas nenhumas, Passos Coelho fez hoje em Lisboa a apresentação do livro do militante do PSD — e membro do Conselho Estratégico Nacional do partido António Alvim “Um manual para a mudança da saúde”.

Numa intervenção de mais de 50 minutos, acompanhada na primeira fila pelo candidato à Câmara de Lisboa Carlos Moedas, Passos apontou “um paradoxo” à esquerda no domínio da saúde em particular.

“Seria imperdoável que a esquerda, que diz que é uma espécie de alma mater do SNS o esteja a desqualificar desta maneira e que seja a o que se chama de direita sempre a tentar salvar a situação e ver se lhe consegue dar sustentabilidade”, disse, criticando o que chamou de “estatização” do SNS, que considera ter resultado na falta de atracção dos profissionais e na degradação de equipamentos e serviços prestados.

Sem referir destinatários, Passo Coelho deixou o que classificou de uma sugestão de actuação política.

“Bem sei que há muitas reformas que gostaríamos que fossem tão consensuais que durassem o suficiente para que se vissem resultados. Mas espero que as forças políticas não fiquem à espera uma das outras, o país não pode perder continuamente com este jogo”, apelou.

Para Passos Coelho, “quem quer ver os problemas vê, quem quer actuar actua, quem quer reformar reforma” e “quem não quiser que fique para trás no seu castelo, que fique a negar a realidade”.

Se o Governo que está em funções não os quer enfrentar, que venha um dia outro que os possa enfrentar, e se as reformas tiverem de se fazer em confronto que se façam, também é importante que a democracia funcione para isso”, disse.

E acrescentou: “Se tivéssemos de estar de acordo em tudo o que é essencial e só divergíssemos no acessório, também não era preciso fazer eleições nem mudar os governos”.

“Os governos mudam-se quando são precisas políticas verdadeiramente diferentes e depois cada um que assuma as suas responsabilidades”, disse, elegendo a reforma na área da saúde ainda como mais prioritária do que a da segurança social.