Itália entra a ganhar no Euro 2020
Exibição assertiva da “squadra azzurra” no jogo de abertura do Europeu, com um triunfo por 3-0 sobre a Turquia.
Este nunca seria um Europeu como os outros. Era para ter sido em 2020, só acontece em 2021, tem público, mas não pode ter estádios cheios. Não tem um ou dois países organizadores, mas tem 11. É este o Euro 2020 que temos e que arrancou nesta sexta-feira, com um triunfo da Itália, por 3-0, sobre a Turquia, em jogo a contar para o grupo A. Foi uma exibição assertiva da “squadra azzurra” perante uma formação turca que esteve longe de confirmar os créditos defensivos que tinha acumulado durante a qualificação (apenas três golos sofridos), em que, por exemplo, ganhou à França.
Ainda será cedo para considerar esta Itália, de Roberto Mancini, como a principal favorita (é só um jogo), mas o seu regresso às grandes competições internacionais promete. Ainda com uma mão-cheia de veteranos (Chiellini, Bonucci e Immobile), mas com sangue novo (Donnarumma, Locatelli e Berardi), a Itália parece ter deixado para trás a crise gerada pela ausência do Mundial 2018. Pelo contrário, a Turquia, que se apresenta neste Euro como a selecção mais jovem entre as 24 participantes, terá de melhorar muito neste grupo, onde estão também País de Gales e Suíça.
Uma coisa não mudou neste Europeu afectado pela pandemia: foi a existência de uma cerimónia de abertura. Teve fogo-de-artifício, tambores, Andrea Bocelli e Bono, mas o que os cerca de 16 mil espectadores espalhados pelas bancadas do Olímpico de Roma queriam ver era futebol. E foi bom futebol que tiveram, sobretudo de um dos lados, uma selecção histórica do futebol mundial (três títulos mundiais e um europeu) a reclamar de volta o seu lugar na ribalta. Mancini pegou nos cacos da “tragédia” de 2018 e construiu uma selecção que não se limita a recuperar a vocação defensiva do futebol italiano. Esta equipa também é capaz de atacar com qualidade.
Mas também sabe reclamar com o árbitro. E foram muitas as vezes que o fez durante a primeira parte - o árbitro (e o estreante em Europeus VAR), porém, decidiu sempre bem. Para além dos protestos, os italianos fizeram o cerco aos turcos, que raramente se aventuraram para lá do meio-campo. Uma ou outra investida de Burak Yilmaz e de Cengiz Under (lançado na segunda parte) era o melhor que a equipa de Senol Gunes conseguia, mas eram iniciativas individuais e condenadas ao fracasso.
Os “azzurri” tiveram boas iniciativas na primeira parte e andaram perto do golo várias vezes. Insigne deixou um aviso logo aos 17’, mas o remate do avançado do Nápoles saiu ao lado, após boa combinação com Berardi. E aos 22’, Chiellini teve um cabeceamento muito perigoso nas costas de Demiral após um canto, mas o guardião Çakir estava no sítio certo. Durante os primeiros 45 minutos, a Turquia fazia justiça à sua fama de equipa competente no processo defensivo. A Itália precisava de outro acerto na finalização.
As primeiras impressões da segunda parte indiciavam uma mudança na direcção do jogo, com a Turquia mais afoita nos primeiros minutos. Mas, aos 53’, essas impressões rapidamente desapareceram. Berardi teve espaço do lado direito na área turca, arrancou o cruzamento e Demiral, na pequena área, encaminhou a bola para a própria baliza. A infelicidade do central da Juventus e antigo jogador do Sporting valeu-lhe um lugar na história: foi a primeira vez que o primeiro golo de um Europeu foi marcado na própria baliza.
Desfeito o empate, a Itália arrancou para uma última meia-hora ainda mais sufocante, tornando o jogo num autêntico pesadelo para a Turquia. O segundo golo aconteceu aos 66’, numa recarga certeira de Ciro Immobile após uma defesa incompleta de Çakir, na sequência de um primeiro remate de Spinazzola. E o terceiro chegou aos 79’, por Lorenzo Insigne. O guarda-redes turco errou um passe na saída de bola, Berardi tomou conta da ocorrência e fez a assistência para Insigne apontar o 3-0 e dar outra robustez ao triunfo desta Itália, que se apresenta neste Europeu como uma equipa completa. E como um candidato ao título muito credível.