Banco de Fomento privilegiará instrumentos de quase capital face a capital directo

Presidente da instituição diz que “a missão do Banco de Fomento é bastante mais ampla do que era a função das três instituições que lhe deram origem”.

Foto
Antonio Bronic

A presidente executiva do Banco Português de Fomento (BPF), Beatriz Freitas, afirmou hoje que a instituição privilegiará os instrumentos de quase capital em detrimento dos de capital directo, mas que todas as medidas “estão ainda em cima da mesa”.

“Existe uma fatia grande do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], na parte do que são instrumentos de capital, que vai estar sob gestão do Banco de Fomento”, afirmou Beatriz Freitas, acrescentando que essas medidas “não estão ainda definidas, mas estão a ser trabalhadas”.

Falando numa audição na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, a presidente executiva (CEO) do BPF avançou, contudo, que “há uma preponderância pela utilização dos chamados instrumentos de quase capital, e não de capital directo”, embora “todas as medidas no que se refere a capital, quer directo, quer indirecto”, estejam “ainda em cima da mesa”.

O deputado João Almeida, do CDS-PP -- partido que apresentou, em Fevereiro, o requerimento para audição no parlamento da administração do BPF -- criticou os vários meses que decorreram até que a audição ocorresse, manifestando a sua “perplexidade” face à “dificuldade que a Assembleia da República tem em dialogar com uma instituição” com a “responsabilidade” do Banco de Fomento.

“Ainda mais quando a justificação para que assim seja é de não estar concluído o processo de nomeação de uma administração. Se um Banco de Fomento demora tanto tempo para existir verdadeiramente e tanto tempo para nomear uma administração, nem quero ver como vai ser para apoiar as empresas”, afirmou.

Questionada pelos deputados sobre o trabalho que tem vindo a ser feito nos últimos meses pela instituição, Beatriz Freitas disse que este se tem focado em “fortalecer a instituição” e em “preparar o futuro”.

“O Banco de Fomento resulta da fusão de três entidades financeiras que existiam no âmbito do apoio à economia [PME Investimentos -- Sociedade de Investimento, IFD -- Instituição Financeira de Desenvolvimento e SPGM -- Sociedade de Investimento]. A nossa primeira actividade foi efectivar a fusão, trabalhar a parte interna no que respeita aos colaboradores, pôr as equipas a trabalhar em conjunto e reorganizar a parte toda de direcção nas três tipologias de instrumentos financeiros em que o banco actua: garantias, dívida e instrumentos de capital” disse. “Não temos estado parados”, garantiu.

Relativamente à nomeação da administração do banco, a presidente do BPF argumentou que “cabe ao accionista” Estado: “As pessoas estão indicadas e o processo está a decorrer, o que é normal para uma sociedade financeira, com a apreciação das pessoas no regulador”, disse.

A CEO salientou que “a missão do Banco de Fomento é bastante mais ampla do que era a função das três instituições que lhe deram origem”, o que implica que “há matérias que não estão abrangidas pelo que vem de trás”.

“Há áreas em que o banco vai trabalhar que não estavam na missão de nenhuma das entidades que vêm de trás, como a missão de ser banco verde, e que, por aquilo que é conhecido e pelos compromissos que o país tomou em termos de descarbonização, vai ter bastante relevância”, sustentou.