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PSD já não vai ao congresso do Chega: Ventura ultrapassou o limite da “decência e bom senso”

Rui Rio admite que esta é a resposta à “teatralização” de Ventura, que passou o fim-de-semana a criticar o PSD por não enfrentar Costa e a pressionar que só conseguirá ser Governo com o Chega. Ventura pede “maioria reforçada” na primeira prova à sua nova direcção nas urnas do partido.

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André Ventura, líder do Chega LUSA/PAULO NOVAIS

Primeiro, o PSD aceitou o convite do Chega para estar presente no encerramento do congresso esta tarde, em Coimbra, e até ia enviar três representantes, mas, com a subida de tom dos ataques de André Ventura ao partido e a Rui Rio, os sociais-democratas voltaram atrás. “Há limites que a decência e o bom senso não permitem que possam ser ultrapassados, quer na forma, quer no conteúdo das alocuções. Esses limites, tal como é seu timbre, foram, mais uma vez, ignorados pelo líder do Chega”, justifica a direcção nacional do PSD em comunicado divulgado este domingo, anunciando que já não se fará representar no evento.

O PSD conta que costuma aceitar todos os convites deste género que lhe são feitos pelos restantes partidos com assento parlamentar – da direita à esquerda – e ia enviar o deputado e membro da comissão política nacional António Maló de Abreu, assim como os elementos da comissão política distrital de Coimbra Paulo Leitão (também deputado na Assembleia da República) e Ana Maria Vaz. Mas reponderou “em face do conteúdo e da forma como o líder do Chega se referiu nas suas intervenções ao PSD”.

Além de praticamente ter apresentado um ultimato ao PSD - apesar de as legislativas estarem, em princípio, à distância de dois anos - de só aceitar negociar apoio no caso de ter lugar no Governo, André Ventura acusou várias vezes Rui Rio de ser "muito mau líder” e de não fazer oposição, procurando colá-lo à acção de António Costa.

O órgão liderado por Rui Rio vinca que, embora haja “muitíssimas diferenças” entre os dois partidos e não seja de “estranhar” que isso seja evidenciado num congresso – como o próprio PSD o faz sobre os seus adversários políticos , existem os tais “limites que a decência e o bom senso” não devem ultrapassar. “O presidente do Chega é livre de adoptar a forma, o conteúdo e a teatralização política que achar que melhor lhe convém. O PSD, pelo seu lado, é igualmente livre para escolher a resposta que entende como mais adequada às opções seguidas pelos seus adversários.”

Ao PÚBLICO, é o ainda vice-presidente Nuno Afonso, que já foi militante do PSD, que afirma que a decisão social-democrata demonstra a “hipocrisia e a falta de verticalidade de Rui Rio”. Porque o partido já se fez representar em congressos do Bloco, e este partido “teve entre os fundadores e candidatos autárquicos elementos das FP-25 condenados por terrorismo que levaram à única extinção forçada de um partido em Portugal. Rui Rio prefere estar com a extrema-esquerda e com um partido que teve na sua génese terroristas do que com um partido que representa meio milhão de portugueses.”

De acordo com a informação disponibilizada pela assessoria de comunicação do Chega, além do PSD, tinham confirmado a presença no encerramento do congresso os representantes da Presidência da República (a secretária do Conselho de Estado, Rita Magalhães Colaço, e a consultora de assuntos políticos, Cláudia Ribeiro), o CDS (dirigentes distritais de Coimbra), a Iniciativa Liberal (Carla Castro), o PPM (presidente Gonçalo da Câmara Pereira), a Ordem dos Advogados (o vice-presidente Pedro Tenreiro Biscaia e o vogal Tiago Oliveira Silva), a CAP - Confederação dos Agricultores de Portugal (vice-presidente Domingos dos Santos). A que se somam o Sindicato dos Oficiais de Justiça (presidente Carlos Almeida), o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (dirigente Frederico Amaro Morais), a Associação Sindical de Chefias do Corpo da Guarda Prisional (presidente Hermínio Barradas), a Igreja Maná (António Manuel Belo Nunes, Jorge Guerra Tadeu), o Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação (presidente Francisco Clemente Pinto) e a Associação pela Dignificação da Profissão dos Professores (Florbela Mascarenhas). Alguns, porém, terão acabado por não comparecer.

Ventura leva direcção a votos e pede “maioria reforçada"

Neste último dia do congresso, os delegados estiveram a votar de manhã para eleger os novos órgãos do partido: a direcção nacional - que já se sabe que terá três vice-presidentes diferentes, depois da saída de Diogo Pacheco de Amorim, Nuno Afonso e José Dias, e a entrada de Marta Trindade (a candidata do Chega à Câmara do Barreiro) e Ana Motta Veiga que foi candidata pelo distrito do Porto, e Pedro Frazão sobe de vogal a vice-presidente -, o conselho de jurisdição nacional, a mesa do congresso e o conselho nacional.

À chegada, André Ventura disse esperar que a sua equipa da nova direcção nacional seja aprovada com uma “maioria clara e reforçada” para lhe dar um “sinal positivo” de que querem que continue o seu projecto para o partido. “Não estamos aqui só para o folclore político”, afirmou Ventura aos jornalistas, numa clara referência ao comentário de Rui Rio que, na sexta-feira, usara o mesmo termo sobre as pretensões do líder do Chega de integrar um Executivo com o PSD.

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