“Não podemos sair desta crise com a legislação de trabalho que tínhamos”, diz Costa

Secretário-geral do PS afirma que a crise “deixou bem patente o grau de desregulação” das relações de trabalho. A revisão das leis laborais está prevista na moção que leva ao congresso do PS.

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António Costa apresentou moção neste sábado a militantes na Figueira da Foz LUSA/PAULO CUNHA

O secretário-geral do PS, António Costa, afirma que o país não pode sair da crise provocada pela covid-19 com a legislação laboral existente quando a pandemia começou. “Nós não podemos sair desta crise com a legislação de trabalho que tínhamos quando esta crise começou”, afirmou este sábado na Figueira da Foz, numa sessão de apresentação da sua moção de orientação política ao Congresso do PS, que se realiza em 10 e 11 de Julho em 13 pontos do país em simultâneo. Como o PÚBLICO avançou, a revisão das leis laborais - que Bloco de Esquerda e PCP reivindicam - consta da moção com que se recandidata à liderança dos socialistas.

No discurso perante algumas dezenas de militantes do PS, António Costa frisou que a crise decorrente da pandemia “deixou bem patente o grau de desregulação que existe hoje nas relações de trabalho” - “A hiperprecariedade que existe na vida. E que expôs particularmente muitas pessoas a uma enorme fragilidade”, exemplificou o líder do PS.

“Hoje não se trata só de fazer a conciliação entre a vida familiar, pessoal e profissional. Não se trata só de continuar a trajectória de aumento dos rendimentos. Trata-se de assegurar trabalho digno e com direitos para todos aqueles que trabalham, qualquer que seja a sua actividade”, defendeu António Costa.

No texto da moção, relativamente ao mercado de trabalho, o secretário-geral do PS promete combater a precariedade, o recurso abusivo ao trabalho temporário, o falso trabalho independente e a informalidade nas relações laborais”, promovendo-se em contrapartida a valorização dos salários dos trabalhadores jovens”. “Um país que assegura aos jovens a liberdade de acesso às profissões reguladas, sem bloqueios corporativos”, acrescenta-se.

No discurso deste sábado, de pouco mais de 15 minutos, António Costa deu relevo ao tópico “sair da crise” também relativamente ao Serviço Nacional de Saúde. “É hoje claro que temos de sair desta crise com um Serviço Nacional de Saúde mais robusto”, sublinhou o líder socialista.

Esclareceu que essa robustez significa que os cuidados de saúde primários, “têm de ter os meios básicos e complementares de diagnóstico, das análises, aos raios-x, para que, de uma vez por todas, as pessoas tenham de deixar de ir às urgências hospitalares e possam encontrar na saúde de proximidade a resposta” de que necessitam, argumentou António Costa.

Por outro lado, segundo o líder socialista, a crise pandémica demonstrou serem fundamentais as boas políticas a nível local: “Esta crise, aliás, demonstrou como não teria sido possível responder como se respondeu, se não tivesse havido esta mobilização colectiva e esta participação activa de todos os autarcas” das freguesias e dos municípios.

“É para mim muito claro que a aposta na descentralização vai ser chave”, disse António Costa, classificando o próximo mandato autárquico, até 2025, como “da maior importância”.

“Porque vamos pôr em prática todo o quadro legislativo que aprovámos de descentralização de competências e de recursos para as autarquias locais”, sublinhou o líder do PS, reafirmando a sua intenção de, no final do próximo mandato autárquico, dar “o passo seguinte que é necessário dar” para “decididamente, cumprir aquilo que a Constituição prevê em matéria de regionalização”.

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