Costa pede “prudência” em Lisboa e rejeita ligar casos a turistas ou festejos

Lisboa e Vale do Tejo é a região com mais casos de infecção com o novo coronavírus nos últimos nove dias, com cerca de 43% dos novos casos.

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António Costa Nuno Fox/Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, pediu esta terça-feira prudência para evitar um aumento maior do número de casos de covid-19 na região de Lisboa, vincando também “não haver qualquer correlação” com a reabertura do turismo ou os festejos do Sporting.

“A mensagem de prudência é uma mensagem que temos de manter permanentemente porque é muito claro para todos que a pandemia ainda não desapareceu. Felizmente, a vacinação tem vindo a evoluir a um bom ritmo, mas estamos longe da cobertura da totalidade da população”, declarou António Costa, em declarações aos jornalistas portugueses em Bruxelas no final de um Conselho Europeu de dois dias.

Questionado na ocasião sobre a situação de Lisboa e Vale do Tejo, onde se tem registado uma subida do número de infecções, o primeiro-ministro acrescentou: “Vamos ter de continuar a ser prudentes até a pandemia ser erradicada e o concelho de Lisboa não é diferente dos outros 277 concelhos do continente e, por isso, as regras que se aplicam aos 278 concelhos aplicam-se também a Lisboa.”

“A situação em Lisboa [em termos de infecções] tem vindo a aumentar, embora da informação que tem sido possível recolher […] explicam-se sobretudo por um conjunto de surtos bastante localizados uma parte, a outra parte tem uma localização bastante definida do ponto de vista geográfico”, justificou o chefe de Governo.

Já questionado se este acréscimo poderá estar relacionado com a reabertura do turismo no país, nomeadamente para turistas britânicos, António Costa vincou que “não há qualquer correlação estabelecida neste momento entre essa reabertura” e a subida das infecções.

“Os casos estão mais associados a celebrações familiares e a condições habitacionais do que a propriamente aos turistas britânicos”, assinalou.

Já confrontado se em causa poderá estar os festejos do Sporting, Costa disse também que “não parece haver grande evidência”. “Há alguns casos de pessoas que, infelizmente, estão infectadas e participando nos festejos, mas a fazer fé nas imagens que vi na televisão das pessoas que estavam nos festejos e do número de casos verificados diria que não há aí uma forte correlação”, concluiu.

Lisboa e Vale do Tejo responsável por 43% dos casos

Lisboa e Vale do Tejo é a região com mais casos de infecção com o novo coronavírus nos últimos nove dias, totalizando 1.588 casos, o que representa cerca de 43% do total no país no mesmo período.

Uma análise aos relatórios de situação da Direcção-Geral da Saúde (DGS) permite constatar duas tendências claras em relação ao número de casos diários de infecção pelo vírus SARS-CoV-2 nas duas maiores regiões, desde a entrada em vigor da quarta e última fase de desconfinamento, a 1 de Maio.

Na primeira quinzena do mês – entre 2 e 16 de Maio –, o Norte foi sempre a região de Portugal que registou mais casos, variando entre o mínimo de 86 no dia 3 e o máximo de 181 no dia 6.

A partir do dia 17 essa tendência inverteu-se e Lisboa e Vale do Tejo, com excepção do dia 20, passou a ser a região do país com maior número de casos notificados diariamente, tendo registado 175 hoje.

Nestes nove dias, o número de casos em Lisboa e Vale do Tejo oscilou entre o mínimo de 90 no dia 17 e o máximo de 277 no dia 21, totalizando 1.588 nesse período, ou seja, cerca de 43% dos 3.658 casos de covid-19 registados em todo o país entre 17 de Maio e esta terça-feira.