Migrações, Ceuta e Odemira
Sánchez, em Espanha, e Costa, em Portugal, mostraram bem que a retórica que perfilham anda bem longe da sua prática política.
1. As migrações tornaram-se, na esfera pública europeia e ocidental, num dos mais fracturantes temas de debate. Os argumentos utilizados para defender as diferentes posições são frequentemente “populistas”, simplistas ou ilusórios. Em Portugal, o tema nunca atingiu, nem sequer de perto, a relevância política que assumiu noutras paragens. Esta diferença de importância é válida para quase todos os países da União. É válida para os países da Europa ocidental do Norte – da Áustria, Suíça e Alemanha aos nórdicos, passando pela Holanda, Bélgica e França –, que são os destinos finais preferidos. Pode, aliás, dizer-se o mesmo do Reino Unido, se nos lembrarmos que o tema decisivo no referendo do “Brexit” foi justamente a imigração. Mas essa diferença é também válida para países mais identificados com Portugal como a Itália, a Grécia ou até a Espanha, porque eles são justamente a grande porta de entrada dos migrantes, mesmo se estes não querem permanecer nos seus territórios e desejam rumar aos países ricos do Norte.Mais surpreendente, o tema é também prioritário nos países de Leste, como a Hungria ou a Polónia, apesar de eles não atraírem nem fixarem fluxos migratórios com significado. Trata-se aqui de uma orientação “ideológica”, de pura demagogia, que joga com a ideia de uma invasão estrangeira ou civilizacional e a sua ameaça à “identidade nacional e europeia”.
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