Ministro do Ambiente diz não entender “implicação” contra o lítio

Matos Fernandes afirma dificuldades em “aceitar” que “aqueles que são contra porque são contra” a exploração do minério em Portugal “convivam com tanta normalidade com a utilização quotidiana de inúmeras baterias a lítio”.

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Ministro do Ambiente e da Ação Climática visita fábrica do grupo português Lux Optimeyes Energy LUSA/NUNO VEIGA

O ministro do Ambiente disse não entender a “implicação” contra o lítio, que é “indispensável” actualmente, e defendeu que Portugal e a Europa serão “o melhor exemplo” em termos de “cuidado ambiental” para esta exploração.

“A Europa e certamente Portugal serão o melhor exemplo do ponto de vista do cuidado ambiental para explorar este metal ou qualquer outro”, afirmou o ministro João Pedro Matos Fernandes, em Moura, no distrito de Beja.

O governante disse não conseguir entender “muito bem porque é que se acha absolutamente normal a exploração de feldspato”, que faz parte do granito, e não a do lítio.

“Eu também acho [normal], mas é exactamente igual à do lítio”, comparou, questionando: “Portanto, porquê esta implicação com este metal [lítio] que ainda por cima se percebe bem para o que é que serve?”.

O ministro do Ambiente e da Acção Climática, João Pedro Matos Fernandes, acompanhado pelo secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, falava aos jornalistas após assistir à assinatura do protocolo para o arranque da nova fábrica de Moura de produção de painéis solares fotovoltaicos flexíveis e de baterias de lítio de alta temperatura.

O memorando de entendimento foi firmado entre a Câmara de Moura, presidida por Álvaro Azedo (PS), e a empresa Lux Optimeyes Energy, que pretende investir cerca de cinco milhões de euros, com apoios de fundos comunitários.

Já antes, na intervenção na cerimónia, Matos Fernandes tinha considerado que o avanço desta fábrica é a “prova” de que o lítio “é indispensável para a descarbonização” do país e “digitalização” da sociedade, mas lamentou que as células com este metal para as baterias que vão “nascer” em Moura tenham de ser importadas.

“Tenho, de facto, um gosto muito grande em poder assegurar que, num país como o nosso, nós conseguíamos extrair e processar esse lítio com muitíssimo mais cuidado ambiental do que em países onde essas exigências são muito menores”, frisou.

O ministro afirmou custar-lhe “muito a aceitar” que “aqueles que são contra porque são contra” a exploração deste metal em Portugal “convivam com tanta normalidade com a utilização quotidiana de inúmeras baterias a lítio”.

“Em coisas tão simples como esta, sem terem a preocupação de onde é que esse lítio foi extraído, disse, exibindo o seu telemóvel, e completando que o princípio de que “'quem não vê não peca’ é mesmo um aforismo” que “não pode aplicar-se nos tempos que correm”.

Aos jornalistas, João Pedro Matos Fernandes insistiu nesta ideia e defendeu que “é na Europa e será em Portugal” que se vai “conseguir extrair o lítio com as maiores garantias ambientais”.

“E, por isso, a ideia de que todos percebem que não conseguimos viver na sociedade actual sem o lítio e sem as baterias que ele produz, mas que vivemos descansados quando não sabemos lá de onde ele vem, é uma ideia que a mim não me descansa nada”, vincou.

Portugal “não tem, nem nunca teve com este Governo, nenhum projecto de fomento mineiro para metal nenhum e também não tem para o lítio”, mas “tem o desejo muito forte de explorar” o lítio, que é “um daqueles materiais críticos para o desenvolvimento da economia europeia”, argumentou.