Assim fala Tiago Outeiro sobre a Parkinson

O investigador trabalha em Goettingen, uma cidade universitária no coração da Alemanha com fortes tradições na história da ciência. Quis saber, entre outros aspectos, como era o trabalho no dia-a-dia no seu laboratório.

No “Assim Fala a Ciência”, o podcast quinzenal do PÚBLICO, com o apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos e co-organizado por mim e por David Marçal, têm falado cientistas portugueses espalhados pelo mundo. Na edição desta semana o meu convidado é o bioquímico Tiago Outeiro. Nascido no Porto, e licenciado em Bioquímica pela Universidade do Porto, doutorou-se no Whitehead Institute for Biomedical Research, que pertence ao Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston, Estados Unidos. Foi depois investigador de pós-doutoramento no Massachusetts General Hospital, ligado à Harvard Medical School, na mesma cidade. Em 2007, criou o seu grupo de investigação no Instituto de Medicina Molecular em Lisboa, que liderou até 2014. Desde 2010 é director do Departamento de Neurodegeneração Experimental do Centro Médico Universitário em Goettingen, na Alemanha. É também professor de Neurociências na Universidade de Newcastle, no Reino Unido, professor visitante na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e professor convidado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Tiago Outeiro tem procurado descobrir como surge e se desenvolve a doença de Parkinson, uma doença degenerativa crónica do sistema nervoso central, que, apesar de ter sido identificada há mais de cem anos, nos aflige cada vez mais, continuando incurável. O pugilista Muhammad Ali morreu com Parkinson. Comecei por querer saber dos mecanismos biológicos da doença e quais são os principais desafios na sua compreensão.

Goettingen é uma cidade universitária, no coração da Alemanha, com fortes tradições na história da ciência. Foi lá, por exemplo, que os matemáticos Gauss e Hilbert trabalharam. Hoje tem vários institutos Max Planck, um deles dirigido por Stefan Hell, Prémio Nobel da Química de 2014, pelo desenvolvimento de técnicas de microscopia de alta resolução, que permitiram um salto enorme na imagiologia celular. Quis saber como era o trabalho no dia-a-dia do laboratório de Tiago Outeiro: quantas pessoas lá trabalham e que instrumentos e métodos usam?

Falámos também sobre as diferenças entre a doença de Parkinson e de Alzheimer e acerca das possibilidades de cura dessas doenças, as duas associadas ao envelhecimento. Perguntei-lhe se havia alguma componente genética a elas associada e se existem fármacos que atrasam ou limitam o seu desenvolvimento. Perguntei-lhe também o que há de verdade na afirmação de que, para evitar doenças neurodegenerativas, convém treinar o cérebro, fazendo por exemplo palavras cruzadas ou Sudokus...

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O investigador Tiago Outeiro

Tive ainda curiosidade em saber como é o financiamento da investigação científica na Alemanha na área biomédica. Serão os meios que hoje usamos para avaliação científica os mais adequados? Uma vez que, apesar da distância, Tiago Outeiro mantém ligações a Portugal, quis saber como ele vê a gestão da ciência em Portugal. 

Por último, coloquei uma questão pessoal. Quis saber se decidiu convictamente fazer carreira no estrangeiro ou se isso apenas aconteceu por força das circunstâncias. Será que espera um dia regressar?

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Este programa tem o apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

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