Morreu o coronel Diniz de Almeida, vítima de covid-19

Coronel reformado, Diniz de Almeida teve um papel decisivo na resposta ao bombardeamento e cerco da sua unidade, o Ralis.

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Miguel Madeira

O coronel reformado Eduardo Diniz de Almeida, que teve um papel decisivo na resposta ao bombardeamento e cerco da sua unidade, o Regimento de Artilharia Ligeira (Ralis), no contexto da tentativa golpista de 11 de Março de 1975, morreu vítima de covid-19. A morte do coronel, de 76 anos, foi confirmada ao PÚBLICO por Vasco Lourenço, presidente da direcção da Associação 25 de Abril.

Natural de Lisboa, Diniz de Almeida integrou o Movimento das Forças Armadas desde as primeiras reuniões e fez parte de vários órgãos do MFA. A partir de terça-feira, o seu corpo a estará em câmara ardente na Basílica da Estrela, em Lisboa, e o funeral sairá na manhã do dia seguinte para o Cemitério do Alto de São João para ser cremado.

Em comunicado, o PCP refere-se a Diniz de Almeida como um dos “mais destacados militares de Abril” e destaca a sua participação activa no Movimento das Forças Armadas “desde a sua fase conspirativa, nomeadamente na reunião de oficiais de Évora”.

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Diniz de Almeida (à direita da foto) LUIS VASCONCELOS

“Em 25 de Abril de 1974, comandou uma colina militar saída da Figueira da Foz com destino a Lisboa, tendo parte dessa coluna sido encarregue de libertar o forte de Peniche. Quando da tentativa golpistas de 11 de Março de 1975, teve um papel decisivo na resposta ao bombardeamento e cerco da sua unidade em Lisboa”, diz o comunicado. Também a Associação 25 de Abril reagiu à morte, considerando-o “uma das figuras principais no processo revolucionário”. Em comunicado, realça “a sua permanente fidelidade aos ideais que o fizeram avançar para a epopeia colectiva que constitui uma das mais belas páginas da História de Portugal.”

Em Lisboa, a sua coluna ocupou o quartel da Legião Portuguesa, na Penha de França, e instala-se no Regimento de Artilharia Ligeira (que passou a chamar-se Ralis), a qual, no 11 de Março, é sobrevoado e metralhado por aviões e cercado por tropas pára-quedistas da Base Aérea de Tancos, afectas ao golpe de António Spínola. Ele resiste e recebe no Ralis o filósofo Jean-Paul Sartre e o então director do Jornal Libération, Serge July.

No dia 21 de Novembro de 1975, diante de jornalistas e de câmaras de televisão, decorre no Ralis o primeiro e único juramento de bandeira revolucionário. 170 novos recrutas, de braço estendido e punhos cerrados, juram pela Pátria, comprometem-se a estar sempre ao lado do povo, da classe operária e a aceitar voluntariamente a disciplina revolucionária. Em 25 Novembro, tenta resistir aos Comandos, mas já não tem qualquer influência nos acontecimentos.

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Enfrentou vários processos disciplinares de que saiu ilibado. Licenciou-se em Psicologia Clínica e Medicina Dentária, foi vereador na Câmara Municipal de Cascais pela CDU, entre 2001 e 2005, e pertenceu à comissão nacional de apoio à candidatura de Jerónimo de Sousa a Presidente da República, No Ralis, de que era responsável, Diniz de Almeida opôs-se às práticas de sevícias sobre presos políticos por parte de militares de extrema-esquerda. 

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