As duas misérias do caso Zmar
Uma coisa é exigir a procura de alternativas, ou uma decisão negociada, com compensações justas; outra é afirmar que os imigrantes são uma ameaça para a sua saúde ou afirmar que, daqui para a frente, a imagem do Zmar ficará degradada com o anátema de um covidário.
A requisição civil do empreendimento Zmar para instalar imigrantes é uma lamentável história em que se combinaram prepotência, confusão, preconceito e falta de humanidade. Misturam-se nessa saga conveniências políticas, interesses económicos e conceitos de Estado de direito que começam a ficar para lá das exigências do estado de calamidade. Ninguém sai bem da história, a começar pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e a acabar nos proprietários. No fim da linha estão 40 pessoas abandonadas a condições miseráveis e sem condições para fazerem as quarentenas que as autoridades de saúde lhes determinaram. Aparecem neste filme como os agentes involuntários de uma decisão mal ponderada do Governo e como os alvos sem rosto da rejeição dos proprietários que os encaram não como pessoas com problemas, mas como um perigo para a imagem e o valor da sua propriedade.
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