A União Europeia tem de chamar os “left behind” para garantir a sua sobrevivência

Com 91 milhões de pobres e excluídos, 15,5 milhões de desempregados e quase 13% de jovens que não trabalham nem estudam, a União Europeia joga a sua própria sobrevivência, numa altura em que, aos efeitos da pandemia, se somarão os custos da dupla transição ecológica e digital.

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É a própria sobrevivência da UE que está em jogo nesta cimeira que se propõe discutir metas muito claras Paulo Pimenta
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Daniel Rocha

Quando aprovaram o Pilar Europeu dos Direitos Sociais, em 2017, em Gotemburgo, na Suécia, os líderes europeus estavam longe de imaginar que uma pandemia ameaçaria a economia europeia com a força de um tsunami. Mas também não se pode dizer que a União Europeia, ainda mal recuperada da crise do euro, navegava em águas muito calmas: além das sequelas da última crise e do aumento dos chamados left behind (e não estamos ainda a falar dos 15,5 milhões de europeus desempregados), que ajudaram a alavancar os partidos antieuropeístas até ao poder nos diferentes países, o proclamado propósito de promover uma dupla transição ecológica e digital arrasta também consigo um fortíssimo potencial de agravamento do desemprego e de desregulação do mercado laboral e, consequentemente, da pobreza e exclusão social. E estes consubstanciam, por si só, uma ameaça nada negligenciável ao próprio projecto europeu.

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