Escritora Hélia Correia vence Prémio Literário Guerra Junqueiro

O prémio, do Festival Internacional de Literatura de Freixo de Espada à Cinta, reflecte a influência e o legado de Guerra Junqueiro.

Foto
ENRIC VIVES-RUBIO

A escritora Hélia Correia venceu o Prémio Literário Guerra Junqueiro, do Festival Internacional de Literatura de Freixo de Espada à Cinta, que lhe será entregue na próxima edição, em Julho, anunciou esta terça-feira a organização.

“Hélia Correia reflecte a influência de Guerra Junqueiro tanto na parte literária, na sua poesia e no discurso poético da sua obra, como nas convicções políticas que sempre o entusiasmaram”, escreve, no anúncio da decisão, a organização do Freixo Festival Internacional de Literatura (FFIL), que cabe ao município de Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança.

“O legado de Guerra Junqueiro é e continuará a ser uma fonte de inspiração para a formação de muitos poetas e escritores do século XX e XXI. E, enquanto assim for, podemos celebrar em pleno a língua portuguesa”, disse a curadora do prémio literário, Avelina Ferraz.

Vencedora do Prémio Camões, em 2015, Hélia Correia (1949) licenciou-se em Filologia Românica, foi professora de Português do Ensino Secundário, e destacou-se de imediato com as primeiras obras, a poesia de O Separar das Águas (1981), a que se seguiu O Número dos Vivos (1982) e a novela Montedemo (1984), que a companhia de teatro O Bando pôs em cena, com sucesso.

Apesar do seu gosto pela poesia, foi como ficcionista que Hélia Correia afirmou o seu percurso, constituindo uma das mais consistentes revelações da novelística portuguesa da geração de 1980. Os seus contos, novelas ou romances surgem sempre, porém, impregnados do discurso poético.

É de poesia o seu mais recente livro, Acidentes, editado no final do ano passado, e foi com a poesia de Terceira Miséria que venceu o prémio Correntes d"Escritas/Casino da Póvoa, na Póvoa de Varzim, em 2013. Um Bailarino na Batalha, A Teia, A Chegada de Twainy, Adoecer, Insânia, Soma, A Casa Eterna, Bastardia, Lillias Fraser, Villa Celeste e os contos de Vinte Degraus são outros títulos da escritora, numa carreira literária de 40 anos.

Entre outros prémios, Hélia Correia recebeu o PEN Club e o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco e o Grande Prémio de Romance e Novela, ambos da Associação Portuguesa de Escritores.

O FFIL divulgou igualmente os autores distinguidos com o Prémio Literário Guerra Junqueiro Lusofonia 2021: Albertino Bragança (São Tomé e Príncipe), Vera Duarte Pina (Cabo Verde), Abraão Bezerra Batista (Brasil), Abdulai Sila (Guiné-Bissau), Luís Carlos Patraquim (Moçambique), Agustín Nze Nfumu (Guiné Equatorial), João Tala (Angola) e Xanana Gusmão (Timor-Leste). O Prémio Literário Guerra Junqueiro, que em 2020 foi alargado à Lusofonia, “é um importante contributo para um movimento criador de uma união cultural lusófona e responsável”, disse a curadora, Avelina Ferraz.