Mónica Calle e a dimensão secreta e íntima de um gesto repetido
Entre 5 a 9 de Maio, a encenadora apresenta no Anfiteatro ao Ar Livre da Culturgest O Escuro que te Ilumina ou As Últimas Sete Palavras de Cristo. Inspirado por Beckett, acompanhado pela música de Haydn e criado com Bruno Candé Marques, assassinado em Julho de 2020.
Muito — demasiado — mudou desde que Mónica Calle dirigiu os primeiros workshops com vista à criação de O Escuro que te Ilumina ou As Últimas Sete Palavras de Cristo. O cenário agora é o da a envolvência da Culturgest e do edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa, enquanto antes a encenadora se reunia com os intérpretes num ringue da Zona J; agora há um cuidado jogo de luzes desenhado por Daniel Worm, enquanto antes Mónica e o seu assistente Sérgio Azevedo apontavam os faróis dos carros para o ringue onde ensaiavam; agora trabalham sobre a obra de Haydn As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, enquanto antes a música vinha de peças de Shostakovich e Stravinsky compostas para ballets; antes, Bruno Candé Marques, um dos intérpretes do espectáculo, estava vivo, agora é um nome que conhecemos de cor enquanto vítima de um crime odioso.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.