E se os telemóveis emitissem alertas de sismos? Em Washington também vai ser possível
O ShakeAlert é um sistema que “detecta terremotos significativos tão rápido que os alertas podem chegar a muitas pessoas” antes de o chão debaixo dos pés começar a tremer.
Os residentes de Washington vão poder receber, a partir desta terça-feira, um alerta no telemóvel segundos antes de um sismo atingir aquele estado norte-americano. O alertar dar-lhes-á, ou assim esperam os criadores do sistema, tempo suficiente para chegar a um local seguro e evitar ferimentos.
O ShakeAlert é um sistema que “detecta terremotos significativos tão rápido que os alertas podem chegar a muitas pessoas” antes de o chão debaixo dos pés começar a tremer. Segundo a página do sistema, não se trata de uma previsão de sismo, mas sim de um aviso que indica que o terremoto já começou e que o tremor é “iminente”.
Segundo escreve o Seattle Times, este sistema já está em funcionamento na Califórnia desde 2019 e os habitantes daquele estado já receberam várias notificações antecipadas de sismos pequenos e moderados. O ShakeAlert também já foi instalado em Oregon, estado vizinho de Washington. A adição do sistema a este último estado completa o lançamento de uma tecnologia inspirada em redes já funcionais no Japão e no México e desenvolvida nos últimos 15 anos por cientistas do Serviço Geológico dos Estados Unidos, da Universidade de Washington, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e de outras instituições.
A base do sistema é uma rede densa de mais de 1150 sismómetros capazes de localizar rapidamente terremotos em qualquer lugar ao longo da costa oeste dos Estados Unidos da América. Desde 2019, grande parte do trabalho tem sido actualizar as estações sísmicas já existentes e criar novas — o número de sismómetros em Washington e Oregon já duplicou desde o início do projecto, diz o jornal norte-americano.
Os instrumentos mais próximos do local de origem das ondas sísmicas iniciais vão conseguir transmitir sinais electrónicos que podem alcançar pessoas em cidades distantes antes que as ondas sísmicas mais lentas e prejudiciais tenham início. A quantidade de avisos que as pessoas vão receber depende de quão longe estão do epicentro.
Segundo a ShakeAlert, vários estudos conduzidos nos três estado concluíram que o tempo de aviso varia de segundos a dezenas de segundos. O alerta pode dar tempo suficiente para diminuir a velocidade de comboios e aviões que ainda não descolaram, para evitar que carros entrem em pontes e túneis, para os habitantes se afastarem de máquinas ou produtos químicos perigosos nos locais de trabalho e para se protegerem debaixo de uma mesa, por exemplo.
“Tomar estas decisões antes do início do tremor pode reduzir os danos e vítimas durante um sismo. Também pode evitar falhas em cascata depois do evento. Por exemplo, desligar os serviços de utilidade pública [electricidade, gás, água] antes do início da agitação pode reduzir o número de incêndios causados pelo sismo”, lê-se na página.
Ainda segundo os responsáveis, os sismos representam um desafio nacional porque mais de 143 milhões de norte-americanos de 39 estados vivem em áreas de risco sísmico significativo. “A maior parte do risco de sismos da nação está concentrada na costa oeste dos Estados Unidos. Nos próximos 30 anos, a Califórnia tem uma chance de 99,7% de vir a ser atingida por um terremoto de magnitude 6,7 ou mais alta e o Noroeste do Pacífico tem uma chance de 10% de vir a registar um terremoto de magnitude 8 a 9 na zona subducção Cascádia”, uma área de convergência entre duas placas tectónicas que se estende do norte da Ilha de Vancouver, no Canadá, ao norte da Califórnia, nos Estados Unidos.
Ainda assim, o Seattle Times avança que, pelo menos numa fase inicial, alguns moradores de Washington estarão em desvantagem na rapidez com que recebem as mensagens, porque o estado não chegou a desenvolver os mesmos tipos de aplicações que enviam o alerta e que estão disponíveis na Califórnia ou em Oregon.