À segunda é de vez: a capital cultural do Eixo Atlântico fica, novamente, em Braga
No ano passado, as restrições associadas à pandemia forçaram o adiamento da VI Capital Cultural do Eixo Atlântico. A iniciativa voltou a arrancar esta segunda-feira e poderá servir como demonstração da “capacidade de acolhimento e envolvimento” de Braga numa eventual Capital Europeia da Cultura.
Em 2019, Santa Maria da Feira passou o título de Capital da Cultura do Eixo Atlântico a Braga. Durante 2020, aquela cidade seria o epicentro cultural do Norte de Portugal e da Galiza. “Seria”, porque tal não se chegou a efectivar devido à pandemia da covid-19. Ainda que tenha havido tempo para os primeiros suspiros da programação prevista, com a tradicional sessão de abertura e um ou outro evento, foi tudo cancelado em meados de Março. Mais de um ano depois, volta-se ao que foi interrompido: esta segunda-feira, teve lugar nova cerimónia de apresentação da VI Capital da Cultura do Eixo Atlântico, no Altice Forum.
O evento também serviu de palco para o primeiro dia da sétima edição do festival transfronteiriço Convergências, que se prolonga até 9 de Maio. O certame contará “com uma dezena de actividades de música, teatro e literatura” a realizar-se na cidade minhota, bem como nos municípios galegos de Ponteareas (Pontevedra) e Padrón (Corunha). Ao longo de quase um mês, vários artistas passarão pelo festival, como Cristina Branco, Óscar Ibáñez ou Manuel Freire. A programação também inclui homenagens a Zeca Afonso e à escritora e poetisa galega Rosalía de Castro.
Para os próximos tempos da Capital da Cultura do Eixo Atlântico, diz ao PÚBLICO o presidente do município, Ricardo Rio, está prevista “uma programação intensa, com vários espectáculos, sempre ajustados às condições impostas pela pandemia”. “Teremos menos eventos de grandes massas”, acrescenta. O autarca, que também preside o Eixo Atlântico, explica que “esta ideia” ajuda a “estreitar ainda mais os laços da euro-região como unidade de valores e manifestações culturais que emanam de cada uma das suas cidades”.
E é isso que, em Braga, Ricardo Rio espera ver acontecer: “É o que estamos a fazer. Braga é um epicentro de encontro de cidadãos do Norte do país e da Galiza, há já uma relação histórica de visitação e partilha. Estamos geminados com a cidade de Santiago de Compostela e temos uma relação muito próxima com Lugo e Astorga por força da origem romana.” A cultura, aponta ainda, é “um factor potenciador que servirá para reforçar ainda mais essa lógica de colaboração”.
O autarca também olha para a Capital Cultural do Eixo Atlântico como uma “demonstração em menor escala” da capacidade que Braga terá para acolher e organizar a Capital Europeia da Cultura (CEC) em 2027. Só em 2023 se saberá qual a cidade portuguesa que partilhará o título de CEC com uma cidade da Letónia. Para Ricardo Rio, o evento que arrancou esta segunda-feira, ainda “que sem a dimensão de transformação urbana que uma CEC acarreta”, servirá para “demonstrar a vitalidade cultural do território e a capacidade de acolhimento e envolvimento directo”, conclui. Já em 2018, ao PÚBLICO, a vereadora municipal para a cultura, Lídia Dias, dizia que a iniciativa era “uma oportunidade” para “colocar a cultura como eixo fundamental da cidade” que, assim, construía a candidatura ao evento europeu.