João Ferreira: “A prosperidade não se fica pelas avenidas dos outros”
Candidatura da CDU à câmara alfacinha foi nesta segunda-feira apresentada formalmente, com o candidato a salientar a importância de não ter havido uma maioria no mandato ainda em curso.
Jerónimo de Sousa considerou nesta segunda-feira que a candidatura de João Ferreira à presidência da Câmara de Lisboa nas eleições autárquicas deste ano é um “factor de credibilidade, rigor e seriedade que por si só é razão de confiança”.
Na apresentação formal da candidatura, em Lisboa, o secretário-geral do PCP teceu vários elogios a Ferreira, que se candidata com o apoio da CDU (PCP e Os Verdes), mas salientou que ao valor do candidato se deve somar o que “resulta da dimensão colectiva que a CDU corporiza, do valor de trabalho, honestidade e competência que lhe é reconhecida, de um trajecto de décadas de intervenção na cidade”.
Jerónimo salientou ainda o valor do trabalho do partido é ainda mais importante “quando se perfilam novas e velhas candidaturas, quando por aí se desdobram, suportados em slogans e promessas recorrentes, ambições e projectos eleitorais divorciados dos interesses da cidade”.
O secretário-geral do PCP garantiu poder dizer “com toda a segurança” que a CDU “é a força da alternativa também no plano da cidade de Lisboa” e que “está preparada para assumir todas as responsabilidades que a população lhe queira confiar no Outono próximo”.
Jerónimo de Sousa teve também palavras críticas para o Governo e para a cumplicidade do PSD e CDS devido ao processo de descentralização em curso.
“Não é sério falar de descentralização quando se persiste em negar a regionalização, suportados em simulacros como os da chamada democratização das CCDR, de facto um logro e uma farsa que não resiste a qualquer avaliação feita com o mínimo de honestidade política. Não é sério falar de descentralização ou de proximidade quando se recusa a reposição das freguesias extintas no período da troika”, acusou.
Já João Ferreira assegurou que a sua candidatura será “um instrumento irreprimível” da “vontade de transformação” da cidade.
O candidato da CDU teve palavras duras para a especulação imobiliária que diz grassar em Lisboa e para “visão neoliberal de cidade” em que “nenhum plano urbanístico é melhor do que plano nenhum”. “Nas últimas duas décadas, Lisboa passou a ser, em cada momento, aquilo que o especulador queira fazer dela. O sentir, a vontade e as necessidades da população foram relegadas para segundo plano. O interesse privado sobrepôs-se ao interesse público” salientou.
Ferreira considerou ainda que a inexistência de maiorias absolutas na autarquia alfacinha “correspondeu a um factor positivo na criação de melhores condições para responder aos problemas da cidade” e “conduziu a uma valorização do papel da oposição, da sua intervenção e contributos”.
“Neste mandato, se não se foi mais longe com as actuais condições, foi porque cedo o PS contou com apoio garantido para a viabilização de orçamentos e de opções de gestão que não se afastaram de alguns dos aspectos mais negativos das maiorias absolutas do PS”, disse ainda.
O candidato assegurou que “a tal cidade viva, justa, bela e democrática está ao alcance, mas exige uma nova governação, que a saiba erguer”. “Na CDU queremos lançar mãos a esse empreendimento, com todos os que a ele se queiram juntar.”
João Ferreira concluiu a sua intervenção assegurando que a visão da CDU para a autarquia da capital “é a de que prosperidade não se fica pelas avenidas dos outros, chega também às traseiras da cidade, chega a toda a cidade”.
“Esta cidade desejada — viva, justa, bela e democrática — está ao nosso alcance. Ela não será fruto de voluntarismos ou de qualquer projecto acabado e pronto a servir. Será a vontade e a força criadora do povo quem a fará viver. É esta a tal essência que faz a cidade eterna”, terminou.