Seinfeld só deve chegar à Netflix na segunda metade do ano e até ao Verão está no Nos Play em Portugal
Série está a ser mais vista nos confinamentos, saiu da Amazon em Portugal e só deve chegar à Netflix na segunda metade de 2021. “Somos todos Jerry” na pandemia, com medo de germes e a rever televisão de conforto.
Seinfeld é a série sobre nada e é hoje a série sobre a qual nada se sabe de concreto quanto à sua data de estreia na Netflix em 2021, mas a sua chegada este mês ao serviço de streaming português Nos Play tanto confundiu alguns espectadores quanto permite antecipar que Jerry, Elaine, George e Kramer se mudarão para a plataforma líder de mercado no segundo semestre deste ano. As nove temporadas estarão no Nos Play apenas por quatro meses, disse a Nos ao PÚBLICO. A teia de direitos de exibição em vários países deve libertar a comédia dos anos 1990 no Verão.
Seinfeld estreou-se dia 1 de Abril no Nos Play, um serviço com assinatura mensal de 7,50 euros. Para quem esperava reencontrar a série do “nazi da sopa” e das entradas alucinadas de Kramer na Netflix após a saída da sua casa digital portuguesa, a Amazon, Seinfeld continuava a fugir. Em pleno novo confinamento, em que muitos espectadores se voltam para “séries de conforto”, títulos já conhecidos que revêem e/ou com dezenas de episódios onde mergulhar, uma dessas séries é Seinfeld.
Mundialmente, a Netflix mantém o silêncio sobre a data de chegada de Seinfeld à sua vasta biblioteca. A comunicação da Netflix para Espanha e Portugal, questionada pelo PÚBLICO quanto à data de estreia global e sobre se os direitos de exibição no país serão exclusivos do seu serviço, respondeu apenas que “não há comentários a fazer sobre este tema”. Já a Nos Play esclarece ao PÚBLICO que a série estará disponível até 31 de Julho e que “após essa data não há mais indicações sobre o que se seguirá”.
Nos EUA a série está comprometida até Junho na plataforma de streaming Hulu (não opera em Portugal), pelo que uma estreia só será possível em simultâneo no mundo inteiro no segundo semestre de 2021. Fora dos EUA, era a Amazon que detinha os direitos de Seinfeld na maior parte dos países, como escreveu em 2019 o Los Angeles Times.
“Agora, somos todos Jerry”
A mudança de casa de Seinfeld foi anunciada em 2019 com um entusiasmo que atravessou continentes e que entretanto já começou em alguns países — em Portugal, a série criada por Jerry Seinfeld e Larry David saiu da Amazon, onde morava desde 2017, a 14 de Fevereiro. Dias depois, a Nos anunciava que os 180 episódios da série cínica e emblemática de uma forma de vida e de escrita do final do século XX chegavam ao seu serviço por subscrição.
O contexto é este: os serviços de streaming tanto se apoiam em originais quanto em catálogos de séries e filmes de créditos firmados e a Netflix perdeu Friends nas “guerras do streaming” em curso para o concorrente HBO Max; terá pago mais de 400 milhões de euros por Seinfeld, cujos episódios garantiu que se estreariam “em todo o mundo em 2021”. Em Setembro de 2019, o anúncio era mais uma vitória para a Netflix, que retiraria Seinfeld do Hulu nos EUA e a outras concorrentes como a Amazon. Mas nunca revelou a data de estreia de uma série que voltou a ser mais vista nos últimos meses.
É que entretanto uma pandemia juntou-se a este contexto, reposicionando Seinfeld entre os títulos mais valiosos para as múltiplas plataformas de streaming a operar e a nascer. “A minha televisão de conforto tem sido Seinfeld”, disse a actriz Zoe Kravitz ao Los Angeles Times no Verão passado. “Há qualquer coisa nas séries que já conhecemos e a escrita é brilhante”, resumiu. Outro sintoma da importância destas transferências — segundo escrevia o New York Times em 2019, Seinfeld estava no Hulu desde 2015 por cerca de 20 milhões por ano, ou seja cerca de 140 milhões de euros no total, o que espelha bem a valorização destes títulos em menos de uma década.
Uma sondagem da One Poll demonstrou que os americanos reviram em média 30 episódios de televisão e 14 filmes durante a pandemia, sendo que a mais revista se tornou Seinfeld, com 18% das escolhas (logo a seguir estão, claro, Friends, A Guerra dos Tronos ou O Escritório). “Há sítios piores onde estar do que os 1990's. Nomeadamente o presente”, escrevia Rhiannon Lucy Cosslett no Guardian há um ano. “E ainda por cima a fobia a germes de Jerry parece muito mais racional hoje em dia. Na verdade, pode dizer-se que agora somos todos Jerry.”