Loja Viúva Lamego vai fechar no Largo do Intendente, em Lisboa

A icónica loja da capital estava aberta há mais de 170 anos mas encerra no final deste mês. A empresa continuará a produzir e “prepara agora a abertura de uma loja online”.

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Daniel Rocha

A loja Viúva Lamego, situada no Largo do Intendente, em Lisboa, vai encerrar no final do mês de Abril. Em 1849, António da Costa Lamego montou uma oficina de olaria naquela zona, que depois da sua morte passou a ser apelidada com o mesmo nome que ainda hoje tem. Passados 172 anos, a icónica loja vai fechar portas naquele local.

Reconhecida e distinguida desde 2020 como Loja com História, projecto da Câmara Municipal de Lisboa, e com a classificação de imóvel de interesse público, o edifício é um espaço de referência da azulejaria portuguesa.

O edifício é marcado por uma fachada opulenta revestida a azulejos, que contrasta com as paredes interiores brancas que fazem sobressair os padrões mudéjares, os desenhos de Almada Negreiros ou Maria Keil, os jarrões, os pratos, as terrinas. Eduardo Leite, Alves de Sá e Jorge Barradas tiveram ali residência artística, nos pisos de cima.

Em comunicado a loja afirma que, “a história da Viúva Lamego permanecerá ligada à icónica fachada do edifício, em azulejo de estilo naïf oitocentista, um exemplo pioneiro no uso do azulejo como meio publicitário.”

Em Novembro passado, em declarações dadas ao PÚBLICO, a Loja Viúva Lamego afirmava que o impacto da pandemia não tinha sido dramático. Porém o CEO da Viúva Lamego, Gonçalo Conceição, citado em comunicado, adianta que, “esta foi uma decisão muito ponderada e que resulta do contexto actual. No entanto, encaramo-la como uma oportunidade para uma vez mais evoluirmos com os olhos postos no futuro”.

A Viúva Lamego continuará a produzir na Abrunheira, em Sintra, onde, para além de ter uma fábrica-atelier, tem também um showroom aberto ao público.

A loja adiantou ainda que a marca continua com uma forte presença internacional e com colaborações permanentes com artistas de referência. Assim, com o intuito de assegurar o futuro e de responder aos desafios actuais, a marca prepara agora a abertura de uma loja online. “Redireccionámos o investimento para o digital e mantemos dinâmicas as colaborações nacionais e internacionais com artistas, arquitectos e designers reforçando a visão progressista da Viúva Lamego”, sublinhou o CEO da loja.

A viúva Lamego é uma das poucas sobreviventes das fábricas de azulejos de 1800 e continua a usar práticas de manufactura artesanais, ao mesmo tempo que inova e se adapta às estéticas de cada época.

Assim, a Viúva Lamego terá agora um novo capítulo na sua história, porém não mais no Largo do Intendente.

Texto editado por Ana Fernandes

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