PSD-Barcelos contesta escolha do candidato pela direcção e diz que o concelho vale 4000 votos
Estruturas do partido preparam reacção contra a direcção de Rio que não homologou o nome de João Sousa para a câmara.
A decisão da comissão política nacional do PSD de aprovar Mário Constantino para candidato à Câmara de Barcelos nas eleições autárquicas, deixando cair o nome escolhido pela concelhia e pela distrital está a provocar mal-estar nas estruturas locais do partido que se preparam para tomar uma posição contra a direcção nacional, por considerarem tratar-se de uma “decisão contra-natura”.
A aposta da direcção nacional do PSD recai mais uma vez em Mário Constantino, vereador na Câmara de Barcelos, já a concelhia e a distrital tinham aprovado o nome do empresário João Sousa, um independente que o partido local foi buscar à sociedade civil.
“É triste que sendo Barcelos o sexto concelho a nível nacional em número de votos para o PSD seja tratado desta maneira”, declarou ao PÚBLICO o recém-eleito presidente da comissão política concelhia, lembrando que o concelho tem 4000 militantes e que o PSD vai ter congresso depois das autárquicas.
Votos à parte, António Lima disse ao PÚBLICO que a “escolha de Mário Constantino é um negócio político” e lamenta que a direcção nacional tenha acompanhado o processo de selecção do candidato à autarquia barcelense pelas estruturas locais e em momento algum o tenha mandado suspender.
“É estranho Rui Rio ter-se metido nisto. Se a escolha tivesse recaído num vencedor ainda se compreendia, agora a escolha da direcção nacional não é para ganhar, obedece a jogos internos de poder”, acrescenta outra fonte do partido, questionado a opção da nacional. “A escolha foi feita com base numa sondagem que a concelhia realizou e na qual Mário Constantino surge como o melhor posicionado (16%) para disputar as eleições autárquicas em Barcelos”, afirma a fonte, estranhando este critério quando — sublinha — “é público que Rui Rio é contra as sondagens.”
Da sondagem faziam parte outros nomes: Bruno Torres (ex-presidente da concelhia que se demitiu no âmbito do processo da escolha do candidato autárquico); Francisco Dias da Silva (presidente do Gil Vicente); e Domingos Araújo (foi candidato à Câmara de Barcelos em 2013). De acordo com a sondagem, Mário Constantino foi o que ficou mais bem posicionado, com 16%, e Domingos Araújo o que teve menos intenções de voto, com 13%.
A concelhia de Barcelos já convocou uma reunião da comissão política para reagir, mas primeiro vai esperar pela conferência de imprensa do secretário-geral do partido, anunciada para as 16h30 desta quarta-feira e na qual José Silvano, secretário-geral do PSD, apresenta novos candidatos (faltam apenas 70 para os sociais-democratas completarem o processo no Continente, uma vez que na Madeira e Açores as estruturas regionais têm autonomia).
Barcelos não é a única concelhia do partido que está zangada com a direcção nacional por causa das escolhas feitas pela sua comissão política.