Timor-Leste. Balanço das cheias em Díli aumenta para 11 vítimas mortais

As inundações afectam também várias infra-estruturas essenciais no combate à covid-19, incluindo o Laboratório Nacional, no recinto do Hospital Nacional Guido Valadares.

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Uma casa colapsa devido às inundações do rio Comoro em Dili, Timor Leste Reuters/Janito DF Afonso

As cheias que atingiram este domingo grande parte da cidade de Díli provocaram pelo menos 11 mortos, segundo um balanço actualizado, mas ainda provisório da Protecção Civil, estando as autoridades a planear a resposta de emergência.

Fonte daquela força de segurança explicou que o secretário de Estado da Protecção Civil convocou já uma reunião de urgência para avaliar as situações mais urgentes e que requerem atenção imediata.

Um balanço total dos estragos é nesta altura “impossível”, segundo fonte do Governo, com danos avultados em casas privadas, estabelecimentos comerciais e várias infra-estruturas, entre as quais parte da estrada que liga Díli a Aileu, 47 quilómetros a sul da capital.

Cheias ameaçam stock de fármacos e meios de combate à covid-19

As inundações afectam também várias infra-estruturas essenciais no combate à covid-19, incluindo o Laboratório Nacional, no recinto do Hospital Nacional Guido Valadares.

Testemunhas disseram à Lusa que há uma inundação significativa no Serviço Autónomo de Medicamentos e Equipamentos de Saúde (SAMES), a farmácia central do país, onde já se encontravam alguns dos recursos para iniciar o processo de vacinação contra a covid-19, incluindo câmaras frigoríficas para armazenar o primeiro lote de vacinas, um total de 24 mil doses, que deveria chegar a Timor-Leste ao início da tarde de segunda-feira.

As autoridades estão ainda preocupadas com dois dos centros de isolamento de pacientes de covid-19, em particular o de Vera Cruz, no centro da capital, e a zona de Tasitolu.

Depois de uma ligeira pausa de menos de uma hora, e de a maré baixa ter permitido escoar alguma da água, a chuva regressou ao final da manhã, hora local (madrugada em Lisboa), com muitos habitantes forçados a abandonar as suas casas.

Imagens de drone recolhidas por um operador timorense, Machel Silveira, mostram grande parte da zona mais baixa de Díli inundada, com problemas de uma ponta à outra da cidade.

Em várias estradas, a circulação está interrompida, por causa do volume da água, ou até, como ocorre na Avenida de Portugal, devido ao abatimento da estrada.

Casas arrastadas pelas águas

Grande parte da cidade de Díli ficou inundada, com os leitos das principais ribeiras a transbordar, depois de três dias de chuva intensa, convertendo toda a capital timorense numa “zona de calamidade”, disse à Lusa fonte da Protecção Civil.

Relatos da mesma força de segurança e de residentes em vários bairros da cidade indicam que a água em alguns locais chega aos dois metros, com casas nas margens da ribeira de Comoro a serem arrastadas pelas águas.

Parte da Avenida de Portugal, ao longo do mar, onde estão situadas algumas das embaixadas, abateu, com as águas a entrarem nas casas, incluindo na delegação da Lusa.

Vários residentes, incluindo cidadãos portugueses, já tiveram de abandonar as suas casas, apesar de a circulação em Díli estar muito limitada, devido ao largo volume de água que se acumula.

Nos últimos dias, os serviços meteorológicos tinham alertado para o risco de chuva forte em várias zonas do país, com destaque para a costa Norte, devido aos efeitos de um sistema de baixa pressão, localizado sobre a parte ocidental da ilha de Timor.

As chuvas fortes já tinham causado problemas em vários municípios do país nos últimos dias, com relatos de casas destruídas e outras infra-estruturas afectadas, incluindo estradas e pontes.

Alguns residentes dizem que a situação actual em Díli é mais grave que a que se viveu no passado dia 13 de Março de 2020, quando cheias afectaram dezenas de milhares de pessoas na capital, havendo mesmo quem não se lembre de inundações assim desde os anos 1970.

Este artigo foi actualizado às 10h53 do dia 4 de Abril de 2021 com informação referente ao número de vítimas mortais.