Madeira: coordenadora do Bloco demite-se em protesto contra coligação no Funchal

Coordenadora do BE estava contra, mas assembleia de aderentes decidiu o contrário. Críticas à liderança precipitaram decisão

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Pedro Fazeres/ARQUIVO

A Comissão Coordenadora Regional do Bloco de Esquerda na Madeira apresentou esta sexta-feira a demissão, em protesto contra o apoio do partido à coligação liderada pelo PS, para as eleições à Câmara Municipal do Funchal.

“A Comissão Coordenadora foi ultrapassada na decisão relativa à coligação com o PS no Funchal, era entendimento da esmagadora maioria dos seus elementos que não estavam preenchidas as condições suficientes para haver coligação, mas a Assembleia de Aderentes do Funchal decidiu em sentido contrário”, adianta a liderança do partido, encabeçada por Paulino Ascenção, anunciando para o próximo dia 6 de Junho, a Convenção Regional do Bloco Madeira.

Numa nota enviada às redacções, a Comissão Coordenadora diz que o objectivo da demissão e convocação de eleições antecipadas, é dar a palavra aos aderentes. “[Vai] Permitir aos militantes que aprovaram a coligação, que assumam a responsabilidade de guiar o partido pelo caminho que escolheram, mostrando-se consequentes com as suas opções e com as críticas feitas”, sustenta o comunicado da coordenação do Bloco, sublinhando que não estão reunidas as condições necessárias para se manter em funções.

“A Comissão Coordenadora Regional foi duramente criticada pela forma como tem dirigido o partido”, acrescenta a nota, dizendo que esta contestação interna também contribuiu para esta decisão.

O Bloco integra actualmente o executivo municipal do Funchal, liderado pelo independente, mas próximo do PS, Miguel Silva Gouveia. O autarca, que substituiu Paulo Cafôfo na presidência da maior câmara do arquipélago, quando este saiu para encabeçar a lista do PS às eleições regionais de 2019, já anunciou a candidatura. Conta, além do PS, com o apoio do PAN, MPT, PDR, Nós, Cidadãos! e, à partida, o Bloco. 

Paulino Ascensão chegou à liderança do Bloco na Madeira em 2018, numa conjuntura favorável para o partido. Em 2015, tinha conseguido, pela primeira vez na história do Bloco Madeira, ser eleito deputado para a Assembleia da República, e no plano regional o partido tinha dois deputados no parlamento madeirense.

Um ano depois, tudo mudou. Numas eleições regionais bastante polarizadas entre PSD e PS, o Bloco foi varrido da Assembleia Regional, e no plano nacional perdeu também a representação em São Bento.

Devolve agora a palavra aos aderentes, que têm até ao próximo dia 6 de Maio para apresentar de listas e moções de estratégia à Convenção Regional.

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