Só a Islândia está melhor que Portugal nos indicadores de controlo da pandemia?

António Costa disse esta quinta-feira que, no espaço europeu, só a Islândia está numa situação melhor que Portugal no que diz respeito à situação epidemiológica.

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O primeiro-ministro António Costa na apresentação da próxima fase de desconfinamento LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

A frase

“Nesta terceira vaga conseguimos trazer com grande sacrifício, determinação e persistência, de dias em que chegámos a ser os piores do mundo para a situação em que hoje nos encontramos, em que no espaço europeu só a Islândia está melhor que Portugal”.

O contexto

Durante a apresentação da próxima fase do desconfinamento, o primeiro-ministro voltou a agradecer aos portugueses “pela forma como têm conseguido colectivamente controlar esta pandemia”. Na conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho de Ministros, António Costa referiu que os bons resultados de Portugal “devem dar-nos orgulho”. O primeiro-ministro referiu mesmo que, depois de Portugal ter sido um dos piores do mundo, apenas a Islândia está agora melhor que Portugal nos indicadores da situação epidemiológica.

Os factos

De acordo com a matriz de risco divulgada esta quinta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), Portugal tem neste momento um índice de transmissibilidade de 0,94 e uma incidência de 65,3 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias. Os parâmetros de transmissibilidade são também as ferramentas utilizadas em outros países para avaliar as respectivas situações epidemiológicas.

Segundo o relatório semanal do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) publicado na passada sexta-feira, Portugal conjugava uma incidência inferior a 120 e um R(t) menor que 1. Apenas o Reino Unido conseguia na altura manter os dois valores abaixo dos limites estipulados, mas ambos acima dos valores portugueses. 

Abaixo de Portugal na matriz divulgada pelo Insa, só mesmo a Islândia, que apresentava um R(t) superior a um, mas uma incidência pouco acima dos 20 novos casos por 100 mil habitantes – valores correspondentes ao quadrante descrito como de “incidência reduzida e tendência crescente”. O país nórdico insular acaba por ter um índice de transmissibilidade superior a 1 devido ao facto de valores baixos de incidência fazerem com que qualquer pequeno surto faça subir rapidamente o R(t), ficando difícil mantê-lo abaixo de 1 quando o número de casos é tão reduzido.

Em resumo

As afirmações de António Costa são verdadeiras. Portugal tem a segunda incidência cumulativa mais baixa da Europa, apenas atrás da Islândia, que é o país europeu que melhor conseguiu controlar a pandemia até ao momento.

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