Agora sou eu: é preciso coragem para morrer em casa
Quem cuidou merece ser cuidado até ao fim, diz quem cuida. E se o desejo é morrer em casa, assim será. Num mundo ideal, a vontade do doente em final de vida seria cumprida sempre que fosse clinicamente possível. Não é assim. A pandemia fez aumentar o número de óbitos em casa, mas é muito cedo para se falar em mudança. O que tem de acontecer?
No oitavo andar de um prédio nos Olivais, em Lisboa, António e Nuno Lopes, pai e filho, não têm parado. Há compras a fazer, limpar, dar comida ao gato e, para Nuno, um vaivém entre duas casas para tomar conta do filho de quatro anos. Mas não é nada disso que os tem mantido sem descanso e com o coração nas mãos. O mundo deles gira dia e noite à volta de Manuela. Sabem que de um momento para o outro a sua luz se apagará. O pavio está a ficar mais curto a cada hora que passa e os dois (os três?) estão conscientes disso. Não se poupam a esforços nem a palavras ternurentas. Não ficará nada por fazer nem por dizer.
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