AstraZeneca promete aos EUA divulgar dados actuais sobre eficácia da vacina dentro de 48 horas
Censurada em público sobre falta de clareza nos dados que apresentou sobre o ensaio clínico norte-americano, empresa farmacêutica corre para satisfazer dúvidas.
A AstraZeneca anunciou que vai publicar dentro de 48 horas resultados actualizados do ensaio clínico realizado nos Estados Unidos com a sua vacina contra a covid-19. A promessa surge depois de os Institutos Nacionais de Saúde terem levantado dúvidas sobre se os dados de eficácia apresentados na segunda-feira – 79%, mais alta do que em anteriores ensaios, em que rondava os 60% – estariam baseados nos dados mais recentes, ou numa análise completa dos dados.
A preocupação foi levantada por um organismo independente que fiscaliza a segurança e precisão dos ensaios clínicos feitos sob o chapéu dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, dos quais faz parte o Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, dirigido por Anthony Fauci, que se fez porta-voz das dúvidas. “Provavelmente esta é uma vacina muito boa e este tipo de coisas não faz… nada, mas cria dúvidas sobre as vacinas e pode contribuir para alimentar a hesitação das pessoas em vacinar-se”, afirmou Fauci, citado pela agência Reuters.
A AstraZeneca divulgou uma curta resposta em que, além de se comprometer a divulgar os dados mais recentes em 48 horas, esclarece que na segunda-feira foi divulgada “uma análise intermédia” com data-limite de 17 de Fevereiro. Mais, a empresa diz já ter feito uma avaliação preliminar desses resultados, “que é consistente com os da análise intermédia”. Neste momento, está a ser validada a análise estatística, diz a empresa anglo-sueca.
A AstraZeneca foi alvo de uma rara censura pública e as suas acções estavam a cair 2,5% na Bolsa de Londres esta terça-feira, relata a Reuters.
“Este é um gesto extraordinário. As notícias negativas sobre esta vacina não param, embora a minha avaliação é que é bem tolerada e segura, embora claramente menos eficaz do que as duas vacinas com tecnologia de ARN-mensageiro”, as da Moderna e da Pfizer-BioNtech, disse à Reuters Peter Kremsner, do Hospital Universitário de Tübingen, na Alemanha.
Emer Cooke, directora da Agência Europeia do Medicamento (EMA), disse ainda esta terça-feira numa audição no Parlamento Europeu esperar que a AstraZeneca envie para a EMA dados do ensaio realizado nos Estados Unidos, com um maior nível de eficácia, para que a agência reguladora europeia possa ajustar a sua avaliação da vacina, se necessário. Emer Cooke evitou pronunciar-se sobre a possibilidade de a empresa ter usado dados desactualizados ou incompletos ao divulgar a primeira informação de eficácia nos ensaios dos EUA.