Autárquicas: Rio acusa PS de querer campanha “fraca e altamente condicionada”
PSD defende adiamento das eleições e estava disponível para discutir proposta do ministro Eduardo Cabrita, sobre eleições repartidas por dois fins-de-semana, que o primeiro-ministro recusou.
O presidente do PSD, Rui Rio, acusou nesta segunda-feira o PS de querer “uma campanha eleitoral fraca e altamente condicionada”, depois de os socialistas terem recusado a ideia proposta pelos sociais-democratas de adiar as autárquicas por dois meses.
“O PS não vê razões para adiar as autárquicas por dois meses, mas o ministro Eduardo Cabrita quer fazer a votação em dois fins-de-semana, por causa da pandemia. Ao PS interessa uma campanha eleitoral fraca e altamente condicionada. É democraticamente triste, mas essa é que é a verdade”, escreveu Rui Rio na sua conta oficial da rede social “Twitter”.
No sábado, na reunião da comissão nacional do PS, António Costa manifestou-se contra a ideia de as eleições autárquicas se realizarem em dois fins-de-semana por causa da covid-19, considerando que essa possibilidade não faz sentido. Segundo fontes socialistas, o secretário-geral do PS defendeu que os dois actos eleitorais já realizados em situação de pandemia no país, as eleições regionais dos Açores e as presidenciais, decorreram com plenas condições de segurança.
“Essa proposta de eleições em dois dias não faz sentido e até é perigosa”, declarou António Costa, citado por um membro da comissão nacional do PS. Na abertura da reunião, o secretário-geral do PS acusou o PSD e CDS-PP de encararem as eleições autárquicas como “uma jogada política”, anunciando uma coligação “sem uma única ideia” e apenas com o objectivo de enfraquecer o Governo.
Na sexta-feira, em entrevista à agência Lusa, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, admitiu a possibilidade de as eleições autárquicas, previstas para Setembro ou Outubro, se realizarem em dois fins-de-semana devido à pandemia de covid-19.
Ressalvando que “tudo depende da Assembleia da República”, o governante explicou que, nas eleições autárquicas, “não é possível o voto em mobilidade porque isso implicaria ter tantos boletins de voto disponíveis quantas as três mil freguesias que existem no país e, portanto, seria uma operação logística impossível”.
Questionado sobre a alteração da data das eleições, Eduardo Cabrita referiu que matérias de lei eleitoral são de “reserva absoluta” da Assembleia da República, mas afirmou também que não há qualquer certeza “de que a situação em Dezembro possa estar melhor do que em Setembro”.
No mesmo dia, o PSD manifestou-se “disponível” para analisar a realização das autárquicas em dois fins-de-semana, admitida pelo ministro da Administração Interna, mas defendeu que só o adiamento por dois meses das eleições “resolve o problema de fundo”.
O projecto do PSD propõe adiar - excepcionalmente devido à pandemia de covid-19 - este acto eleitoral por dois meses (entre 22 de Novembro e 14 de Dezembro), permitindo que a campanha decorra numa altura em que, segundo o plano de vacinação oficial, já se prevê que o país possa ter imunidade de grupo quanto à covid-19.
As eleições autárquicas são marcadas por decreto do Governo e deverão realizar-se entre 22 de Setembro e 14 de Outubro, de acordo com a lei.