Bebé nasce com anticorpos contra a covid-19 depois de mãe ser vacinada. É o primeiro caso conhecido

Profissional de saúde deu à luz um bebé com anticorpos contra a covid-19. Mãe tinha recebido a primeira dose da vacina da Moderna três semanas antes. Pediatras que acompanharam o caso dizem que são precisos mais estudos para perceber a eficácia das vacinas em grávidas.

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Luis Cortes/Reuters

Uma profissional de saúde norte-americana, e que tem estado na linha da frente do combate à pandemia no estado de Florida, deu à luz um bebé com anticorpos contra a covid-19.

A mãe foi vacinada com a primeira dose da vacina da Moderna no fim de Janeiro, quando estava nas 36 semanas de gestação. Quando deu à luz, três semanas depois, as análises ao sangue do bebé, do sexo feminino, revelaram que já tinha anticorpos contra a doença.

Os detalhes da descoberta são descritos num artigo que foi pré-publicado na plataforma MedRxiv e que aguarda agora revisão dos pares para confirmar se este é, tal como avançam os pediatras que acompanharam o parto, o primeiro caso deste tipo a ser conhecido.

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Luis Cortes/Reuters

No artigo, os médicos dizem que analisaram uma amostra do sangue do cordão umbilical da menina, que nasceu “saudável e vigorosa”, e que os anticorpos “foram detectados no momento do parto”. 

“Demonstramos que os anticorpos contra o SARS-CoV-2 são detectáveis ​​numa amostra de sangue do cordão umbilical de recém-nascidos depois de uma única dose da vacina da Moderna”, lê-se nas conclusões do artigo. “Assim, existe potencial para que a protecção e redução do risco de infecção do SARS-CoV-2 possa ser alcançada com a vacinação das mães.”

Os autores do estudo dizem que estes dados não revelam, no entanto, qual é o momento ideal para vacinar as grávidas, e também sublinham que serão necessários mais estudos para saber qual a quantidade de anticorpos neutralizantes presentes em bebés nascidos de mães que não foram diagnosticados com covid-19 e que foram vacinadas antes do parto.

“A vacinação materna contra a influenza A tem sido bem estudada em termos de segurança e eficácia para a protecção do recém-nascido através da passagem de anticorpos pela placenta. Uma protecção semelhante seria esperada após a vacinação contra o SARS-CoV-2. Instamos outros investigadores a conduzir estudos de eficácia e segurança das vacinas contra a covid-19 em grávidas e os seus bebés”, dizem ainda os pediatras, acrescentando que essa é uma “necessidade significativa” nesta altura.

Uma equipa italiana já tinha detectado, em 2020, anticorpos contra a covid-19 em bebés que nasceram quando as mães estavam infectadas.

As grávidas e as crianças não estão ainda incluídas no plano de vacinação português contra a covid-19 porque não há dados suficientes (por enquanto) para recomendar a imunização destes grupos, mas já há empresas farmacêuticas a incluí-los em ensaios clínicos.

A Pfizer e a BioNtech, por exemplo, vão iniciar um ensaio clínico com cerca de quatro mil grávidas para determinar a eficácia e a segurança da sua vacina contra a covid-19, num momento em que este consórcio e a Moderna estão também a lançar testes em crianças a partir dos 12 anos.

Este ensaio com grávidas, anunciado em meados deste mês, prevê que sejam vacinadas durante a 24.ª à 34.ª semana de gestação. Cada mulher será seguida durante sete a dez meses. “As grávidas têm um risco acrescido de complicações e de desenvolverem formas graves de covid-19, e é por isso crucial desenvolver uma vacina segura e eficaz para esta população”, afirmou William Gruber, vice-presidente para a Investigação e Desenvolvimento Clínico de Vacinas da Pfizer, citado num comunicado.

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