Steven Spielberg procura actores para contar a sua história pessoal

Michele Williams deverá interpretar a mãe do realizador neste projecto, ainda bastante secreto, com que sonha regressar à sua infância e juventude.

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Steven Spielberg no Festival de Veneza Alessia Pierdomenico/ REUTERS

Na sua página pessoal, podemos ler o seu lema: “A minha profissão é sonhar” (“I dream for a living”), mas nada vemos ainda sobre o “sonho” de revisitar o seu passado, e especialmente o contexto familiar em que cresceu, entre o Ohio natal (1946) e o Arizona e a Califórnia das décadas seguintes. Mas a Hollywood Reporter, sempre bem informada sobre este domínio, avançou esta semana que o projecto com que Steven Spielberg agora sonha é mesmo regressar à infância e juventude, realizando o seu Os 400 Golpes (François Truffaut, 1959), para citar a leitura que o diário francês Le Figaro fez do projecto.

É claro que, no imediato, o que principalmente ocupará a atenção do realizador será a concretização da estreia do seu remake do clássico West Side Story (Robert Wise e Jerome Robbins, 1957), o musical que conquistou 10 Óscares — e cuja saída, por causa da crise sanitária mundial, foi adiada um ano, para o próximo mês de Dezembro —; a pós-produção de mais um capítulo da saga Jurassic World: Dominion, realização de Colin Trevorrow, com estreia anunciada para o próximo mês de Junho; e ainda a preparação de The Kidnapping of Edgardo Mortara, regresso à sua herança judaica.

Mas a verdade é que — sustenta ainda a Hollywood Reporter — Spielberg estará já também a trabalhar no projecto do seu sonho. E, apesar do secretismo que o rodeia, há nomes que lhe são associados. O argumento estará a ser escrito por Tony Kushner, um autor premiado com um Pulitzer (pelo livro Angels in America, 1991), cúmplice de Steven Spielberg em filmes como Munich e Lincoln, além dos citados West Side Story e The Kidnapping of Edgardo Mortara. E a Michelle Williams — quatro vezes nomeada para os Óscares por Brokeback Mountain, Blue Valentine, A Minha Semana com Marilyn e Manchester by the Sea — caberá personificar a mãe do realizador, Leah Posner (1920-2017), uma celebrada pianista de quem o jovem Spielberg teve de afastar-se na sequência do divórcio dos pais (ficando a viver com o pai), e que, parece, irá ter uma presença marcante na (sua) história.

Le Figaro diz que falta agora a Spielberg encontrar o seu Jean-Pierre Léaud, o pequeno intérprete de Os 400 Golpes, primeira longa-metragem de Truffaut — que, recorde-se, foi actor de Spielberg em Encontros Imediatos de Terceiro Grau (1977). Não faltarão, certamente, candidatos a este papel para fazer o alter ego do cineasta que, com outros mavericks, marcou toda uma geração do cinema americano, a partir da década de 1970. “Desde os seus primeiros filmes, Spielberg mostrou uma especial predilecção para trabalhar com jovens actores e descobrir talentos, seja o Henry Thomas de E.T., seja o Christian Bale de O Império do Sol”, nota a Hollywood Reporter. “Agora, Spielberg pode finalmente encontrar alguém que lhe dê corpo num projecto que é tão pessoal quanto possível, sem ser um biopic”, escreve a revista norte-americana.

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