AstraZeneca para maiores de 65 anos. Professores e pessoas com trissomia 21 passam para a 1.ª fase de vacinação

O pessoal docente e não-docente deverá começar a ser vacinado já na 1.ª fase do Plano de Vacinação contra a covid-19, com base num “plano estratégico” a ser elaborado, anuncia a DGS, em comunicado. O processo, ainda sem pormenores, deverá prolongar-se para a 2ª fase.

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Pessoal docente e não docente do sector público, privado e cooperativo e pessoas com trissomia 1 vão ser vacinados na 1.ª fase Adriano Miranda
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Deixa de haver restrições à aplicação da vacina da AstraZeneca a maiores de 65 anos Paulo Pimenta

A partir desta quarta-feira, os portugueses com mais de 65 anos já vão poder receber a vacina da AstraZeneca, que até agora estava reservada para os grupos prioritários com idade inferior a essa. A primeira fase da vacinação passa a incluir, também, entre os grupos prioritários, as pessoas com trissomia 21, e será implementado um plano para vacinar o pessoal docente e não-docente dos sectores público, privado e cooperativo.

O anúncio foi feito esta quarta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), num comunicado em que explica ter actualizado a norma relativa à vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, “de forma a permitir a sua utilização sem reservas a partir dos 18 anos, dada a sua segurança, qualidade e eficácia comprovadas, tal como foi aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos.”

Portugal segue, assim, o caminho que já estava a ser traçado, há alguns dias, por outros países da União Europeia, como a França, a Alemanha, a Bélgica e a Suécia, depois de estudos divulgados no Reino Unido apresentarem dados “suficientemente robustos” sobre a eficácia da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford nesta faixa etária.

No comunicado enviado às redacções, a DGS precisa que “os novos estudos conhecidos mostraram agora, com base em metodologias científicas robustas, que a vacina da AstraZeneca é eficaz em indivíduos com 70 ou mais anos, quer na prevenção da covid-19, quer na redução das hospitalizações por esta doença, reforçando os dados iniciais de que esta vacina é capaz de produzir anticorpos eficazes no combate à infecção por SARS-CoV-2, mesmo em pessoas mais velhas.”

Na decisão de actualizar a norma relativa à vacinação pesaram a análise dos dados mais recentes, feita pela comissão técnica de vacinação contra a covid-19 da DGS, e um parecer do Infarmed.

O facto de os testes clínicos a esta vacina incluírem muito poucas pessoas com 65 anos ou mais levou a que, numa primeira fase, os países da União Europeia optassem por recomendar a sua aplicação a cidadãos até aos 65 anos. Uma situação que estava a atrasar a vacinação de uma das camadas da população mais vulneráveis à covid-19, que apenas podia receber as vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna, cujas entregas têm estado abaixo do que fora contratualizado. Esta quarta-feira, o PÚBLICO já adiantara que estaria para breve a mudança agora anunciada

A Ordem dos Médicos, que já defendera o alargamento da idade a que a vacina se destinava reagiu a este anúncio, com o bastonário Miguel Guimarães a dizer que isto permitirá “simplificar a vacinação”. “Hoje a Direcção-Geral da Saúde alterou a norma e a vacina da AstraZeneca já não tem um limite de idade. Nós, como Ordem dos Médicos e como gabinete de crise para a covid-19, saudamos esta iniciativa, obviamente”, porque é uma vacina “tão eficaz como as outras vacinas”, disse Miguel Guimarães à Lusa, durante uma conferência de imprensa.​

No mesmo comunicado, a DGS indica ainda que actualizou também a norma relativa aos grupos prioritários de vacinação. As pessoas com trissomia 21 são incluídas na primeira fase, por causa do “risco acrescido de evolução para covid-19 grave”. E, evocando a necessidade de “resiliência do Estado”, a DGS anuncia também que serão vacinados “o pessoal docente e não-docente dos estabelecimentos de ensino e educação e das respostas sociais de apoio à infância dos sectores público, privado e social e cooperativo, de acordo com o plano logístico que será implementado”. A vacinação destes profissionais deve alargar-se pelas fases 1 e 2 do plano.

A norma não tem, contudo, qualquer detalhe sobre o modo como essa vacinação irá decorrer - quando é previsível que avance ou, por exemplo, se vai abranger em simultâneo todos os ciclos de ensino ou não. Satisfeito com a prioridade agora dada aos funcionários docentes e não docentes das escolas, tal como vinha “pedindo de forma insistente há meses”, o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, diz aguardar agora pelos necessários pormenores. “O ideal era que os professores, quando regressassem à escola, já tivessem tomado a vacina. Ou, pelo menos, que esse processo estivesse delineado em termos temporais. Isso já não era mau. O que não pode é ficar esquecido, porque vai reforçar a confiança que as comunidades educativas têm nas suas escolas”, disse ao PÚBLICO.

Em comunicado, a Fenprof também saudou a prioridade anunciada para os funcionários das escolas, defendendo que “terão de ser vacinados aqueles que nunca deixaram de estar em actividade presencial, bem como os que integram grupo de risco à covid-19.” A partir daí, refere-se no comunicado, “há que conhecer o plano de regresso às escolas, designadamente as datas em que se iniciarão as actividades presenciais de cada nível e grau de ensino”. 

Em entrevista à SIC, no início deste mês, a ministra da Saúde, Marta Temido, já tinha admitido que a possibilidade de incluir os professores no grupo prioritário de vacinação era “uma hipótese” que estava a ser analisada. A medida era reclamada há muito pelos representantes da comunidade escolar e surge numa altura em que o país se prepara para conhecer o plano de desconfinamento, com a expectativa que as creches, pré-escolar e 1.º ciclo sejam dos primeiros espaços a abrir.

Segundo o mais recente relatório semanal sobre a vacinação em Portugal continental, divulgado esta terça-feira, 47% dos idosos com 80 anos ou mais receberam a primeira dose de uma vacina contra a covid-19 e 10% têm a vacinação completa. No total da população, mais de 7% recebeu a primeira dose e quase 3% já tomou as duas doses necessárias.​

Notícia actualizada com reacções à actualização das normas.

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