FC Porto com alma de gigante

“Dragões” marcaram primeiro, sofreram com a expulsão de Taremi, fraquejaram e emergiram no fim do prolongamento para atingir os “quartos”.

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LUSA/ALESSANDRO DI MARCO
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Reuters/MASSIMO PINCA
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O FC Porto soube resistir a ventos e marés num jogo louco, em Itália, em que um erro de Taremi despertou o monstro que habita a Juventus, mas que foi insuficiente para gelar a alma dos “dragões”. Apesar da derrota (3-2), o campeão português segue para os quartos-de-final da Liga dos Campeões com um 4-4 (e mais um cheque milionário) nas duas mãos. 

Começou vibrante o duelo de Turim, com a Juventus a explorar a verticalidade de Chiesa no corredor esquerdo e o FC Porto a responder com as infiltrações de Marega, a desafiar a paciência de Bonucci e a confundir Demiral. Para os italianos era vital marcar rapidamente um golo que colocasse a equipa de Cristiano Ronaldo no comando da eliminatória, uma urgência que beneficiava a estratégia furtiva dos “dragões”, empenhados em bater os “bianconeri” para os obrigarem a marcar três golos para evitar a eliminação - ou dois para igualar a eliminatória e forçar um desempate.  

Neste diálogo aceso, foi mais eloquente o FC Porto, construindo duas excelentes oportunidades de golo nos primeiros seis minutos, por Uribe (ao lado) e Taremi, que acertou no ferro da baliza de Szczesny logo após Morata ter testado os reflexos de Marchesín na primeira investida perigosa. A Juventus estava prestes a ceder, com Zaidu a desesperar Cuadrado, que fez todo o corredor lateral. 

Mas o lance que melhor serviu as intenções portistas resultaria de uma investida pela direita, com Marega a libertar Taremi, derrubado por Demiral em zona proibida. Os eneacampeões italianos enfrentavam duro teste, com um penálti confirmado pelo VAR e transformado em vantagem “azul e branca” por Sérgio Oliveira, apesar das indicações dadas por Cristiano Ronaldo ao guarda-redes polaco. 

Estava na frente o FC Porto, com uma vantagem de 3-1 na eliminatória, o que desestabilizava e abalava a confiança da Juventus, que só se aproximava da baliza do argentino Marchesín por intermédio de Morata.

O FC Porto tinha agora uma missão ligeiramente diferente, mas muito objectiva: tentar controlar o jogo com bola e evitar erros defensivos que minassem a concentração e moral de um conjunto altamente motivado para mostrar a sua melhor versão, tal como tinha feito na primeira mão. 

Um objectivo que passava, numa primeira análise, por chegar ao intervalo em vantagem, de preferência sem sofrer demasiado com a esperada reacção da Juventus. Nesse capítulo, o FC Porto foi irrepreensível, continuando a distribuir jogo e a obrigando o adversário a desgastar-se e a manter um elevado nível de alerta para não sofrer um segundo golo, o que não permitia uma dedicação total ao momento ofensivo, vendo-se durante largos momentos sem referências na frente. 

Andrea Pirlo olhava para Cristiano Ronaldo, aguardando uma faísca que acabou por surgir no início da segunda parte, num movimento felino do português, a iludir Mbemba e a penetrar numa zona desprotegida para combinar com Chiesa, que não defraudou o esforço do companheiro, igualando com classe extra (49’).

O FC Porto reclamava a posição de Ronaldo, mas o VAR confirmava o pior cenário para os “dragões”, que em poucos minutos mergulhariam num fervilhante caldeirão de emoções. Taremi estava na iminência de adulterar o jogo portista, comprometendo o equilíbrio dos primeiros 45 minutos com uma expulsão absurda. O iraniano era admoestado na sequência de uma falta desnecessária e, dois minutos volvidos, via o vermelho por causa de um “chutão” inadmissível a este nível. 

De repente, a Juventus estava em todo o lado e a vantagem de um golo era uma barreira demasiado ténue para travar a fúria italiana e, especialmente, a determinação de Chiesa, que, antes de bisar, ainda obrigou Pepe a emendar uma saída em falso de Marchesín para adiar o segundo da Juventus. 

Sérgio Conceição sacrificava a arte de Otávio em favor da robustez de Sarr, mas Chiesa, em mais um lance questionável, igualava a eliminatória, de cabeça, e colocava o FC Porto no fio da navalha. 

A pressão tornava-se praticamente insuportável e a Sérgio Conceição colocavam-se dois cenários: resistir estoicamente ou tentar tirar um coelho da cartola de Luis Díaz, lançado com uma missão clara de aproveitar uma brecha na cavalgada “bianconera” para empatar o encontro, evitar o prolongamento e obrigar a Juventus a começar tudo de novo. 

Mas o plano era demasiado audacioso e só Marega esteve perto de importunar Szczesny, pelo que foi mesmo preciso desempatar, já que Cuadrado estourou na barra a última oportunidade de selar os “oitavos” aos 90+3’. 

Sem alterções de marcador na primeira parte do prolongamento, o FC Porto começava a pensar seriamente nos penáltis. Mas o sofrimento acabou no míssil disparado pelo submarino de Sérgio Oliveira, num livre directo que arrumou a questão (115’), transformando o golo de Rabiot (117’) numa mera formalidade.

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