Rui Rio antecipa anúncio e confirma Carlos Moedas como candidato a Lisboa
Líder do PSD disse ter informado CDS sobre a decisão de colocar o ex-comissário europeu como cabeça de lista da coligação.
O líder do PSD anunciou nesta quinta-feira que o ex-comissário europeu Carlos Moedas é o candidato do partido à Câmara Municipal de Lisboa. Numa declaração na sede do partido, ao lado do actual administrador da Fundação Gulbenkian, Rui Rio disse que Carlos Moedas “era a melhor solução” desde o início do processo de escolha. O anúncio acabou por ser precipitado, admitiu o próprio líder do PSD, por causa da “especulação” dos últimos dias. Por várias vezes, Rui Rio disse que só seriam revelados nomes a partir de 1 de Março.
“Sempre achei que a melhor solução desde o início era Carlos Moedas, fui falando com ele e com outras pessoas”, afirmou, adiantando que a revelação acabou por ser feita esta quinta-feira por causa da “pressão dos últimos dias”. “Havendo uma enorme especulação e pressão, o engenheiro Carlos Moedas entendeu que devíamos acelerar [o anúncio]”, acrescentou. Já esta tarde, o jornal Nascer do Sol tinha avançado com a notícia de que o ex-comissário teria aceitado liderar a candidatura para disputar as eleições com o socialista Fernando Medina.
O próprio candidato não falou na iniciativa desta tarde, mas Rui Rio prometeu que responderá a perguntas dos jornalistas no início da próxima semana, quando forem anunciados mais cem candidatos autárquicos.
Rui Rio disse ainda ter informado o CDS sobre esta decisão. “A vontade é que o candidato seja comum”, disse. Apesar da curta declaração de Rui Rio, este anúncio social-democrata poderá perturbar o CDS, já que os críticos da direcção consideram que o partido deveria liderar a coligação em Lisboa, por Assunção Cristas ter ficado à frente do PSD nas últimas autárquicas em 2017.
A coligação PSD/CDS não integra, para já, a Iniciativa Liberal. Ao que o PÚBLICO apurou, o partido não foi contactado formalmente para se juntar a esta aliança em Lisboa, com Carlos Moedas como cabeça de lista.
Na sua curta declaração (em que não respondeu a perguntas dos jornalistas), Rui Rio reiterou a importância das eleições autárquicas e a intenção de “ter uma candidatura forte em Lisboa”. “Um partido da dimensão do PSD é obrigado a apresentar uma candidatura forte”, afirmou, justificando assim o tempo que levou até encontrar o nome do ex-responsável pelo programa da troika no Governo de Passos Coelho
Nascido em 1970, em Beja, Carlos Moedas integrou a equipa do banco de investimento Goldman Sachs — na mesma altura em que António Borges trabalhou na instituição —, na área de fusões e aquisições, e foi gestor de projectos para o grupo Suez, em França, entre 1993 e 1998. Militante do PSD, Carlos Moedas apoiou Paulo Rangel na corrida interna contra Passos Coelho em 2010, mas mais tarde fez parte (já por indicação do então líder Passos Coelho) da equipa social-democrata de negociações sobre o Orçamento do Estado de 2011. Integrou o Governo PSD/CDS com a responsabilidade pela coordenação do programa de ajustamento da troika, entre 2011 e 2014. Nesse ano, tornou-se comissário europeu da Investigação, Ciência e Inovação. Desde Janeiro de 2019 que Carlos Moedas é administrador da Fundação Gulbenkian.