Bruxelas anuncia plano de acção contra variantes do coronavírus e investe em “nova geração” de testes, terapêuticas e vacinas

Ursula von der Leyen vai apresentar medidas aos líderes europeus na próxima semana. ECDC estima que variante inglesa se torne dominante na UE.

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Ursula von der Leyen durante a conferência de imprensa desta quarta-feira Reuters/POOL

A Comissão Europeia vai financiar com 150 milhões de euros a investigação científica ligada à pesquisa e sequenciação de novas variantes do coronavírus, para poder acelerar a produção de vacinas adaptadas às novas estirpes, que poderão ser aprovadas através de um procedimento simplificado para a autorização de emergência da Agência Europeia de Medicamentos. Um financiamento adicional de 75 milhões de euros foi aprovado para melhorar a capacidade de fazer testes e desenvolver novos que permitam detectar as variantes do SARS-CoV-2.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, fez uma rara aparição na sala de imprensa do Berlaymont para anunciar um conjunto de medidas destinadas a antecipar os riscos colocados pelas novas variantes mais transmissíveis do vírus e melhorar a capacidade de resposta a nível europeu: uma “nova geração” de testes, terapêuticas e vacinas, e uma nova rede para a cooperação e partilha de informação em ensaios clínicos ligados à covid-19. A rede Vaccelerate foi lançada nesta quarta-feira, com 16 Estados-membros da UE e cinco países associados, incluindo a Suíça e Israel.

Estas medidas, explicou Von der Leyen, são precursoras do futuro trabalho da Autoridade Europeia de Resposta a Emergências Sanitárias (HERA, na sigla em inglês), uma nova estrutura permanente que será responsável pela “modelação de riscos, vigilância global, transferência de tecnologias, supervisão e flexibilização das cadeias de abastecimento e capacidade industrial e do desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos” para doenças infecciosas.

O plano de acção especificamente ligado à resposta imediata à pandemia — uma experiência que a Comissão apresenta como uma “incubadora da HERA” — vai ser apresentado aos chefes de Estado e Governo da UE na reunião por videoconferência do Conselho Europeu agendada para a próxima semana. O tempo urge, assinalou a presidente da Comissão: segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, a variante B.1.1.7, reportada pela primeira vez em Inglaterra, deverá tornar-se dominante sobre as anteriores estirpes que circularam na União Europeia. “E outras mutações emergiram ou podem emergir no futuro”, assinalou.

A presidente da Comissão Europeia deu ainda conta dos esforços que estão a ser feitos, em colaboração com as empresas farmacêuticas, para aumentar a capacidade de produção de vacinas e também acelerar o abastecimento da União Europeia. Nesta quarta-feira, a Comissão Europeia confirmou a assinatura de novos contratos com o consórcio Pfizer-BioNTech para o fornecimento de mais 300 milhões de doses, e com a Moderna, que até ao final do próximo ano também deverá distribuir mais 300 milhões de doses à UE.

Ursula von der Leyen salientou a importância destes novos contratos para as empresas farmacêuticas, não só por causa do pré-financiamento que Bruxelas assegura para o desenvolvimento da capacidade industrial, como também pela garantia que é avançada pelos Estados-membros da compra das doses. Segundo revelou, ao investimento de três mil milhões de euros adiantado pela Comissão no âmbito dos primeiros contratos de aquisição antecipada, juntaram-se cerca de 30 mil milhões de euros das encomendas dos Estados-membros, para um volume global de 33 mil milhões de euros.

Ao seu lado, o comissário europeu com a pasta do Mercado Interno, Thierry Breton, que agora lidera uma task force para responder às dificuldades na produção, afirmou que depois de contactos com a AstraZeneca, e uma visita à sua unidade na Bélgica, se constatou um “aumento drástico da capacidade de produção”. “Estamos confiantes de que serão capazes de compensar a quebra nas entregas do primeiro trimestre”, disse.

Finalmente, a presidente da Comissão quis chamar a atenção para “o número crescente de tentativas de fraudes ligadas às vacinas” que foram reportadas nos últimos dias, e ao mesmo tempo deixar um aviso: “O risco de tomar vacinas compradas no mercado negro é gravíssimo”, sublinhou. “A nossa agência antifraude OLAF está a investigar, e também a aconselhar os Estados-membros, para que estes casos possam rapidamente chegar à justiça”, informou.

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