Autarcas dizem “basta” aos erros da Águas do Alto Minho, que tem um prazo para “mudar de vida”

Os autarcas dos sete concelhos accionistas da Águas do Alto Minho dizem estar “fartos e cansados” de problemas como “facturas fora de horas” ou “valores exorbitantes” cobrados pela empresa, que tem de “mudar de vida” até à chegada “da próxima factura” aos habitantes daquelas autarquias.

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Rita Franca

Os autarcas de Arcos de Valdevez, Caminha, Paredes de Coura, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira estão “fartos e cansados” dos erros cometidos pela Águas do Alto Minho (AdAM) ao longo do último ano. Os sete municípios detêm 49% da empresa, que começou a operar em Janeiro de 2020. Os restantes 51% pertencem à Águas de Portugal (AdP).

Na conferência de imprensa desta quinta-feira, organizada pelos sete municípios, José Maria Costa, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, leu um comunicado assinado pelos autarcas. Os municípios exigem “que se vire uma página na decepcionante vida da AdAM, projectando-a para o futuro, reforçando a relação com as pessoas e qualificando o serviço prestado”. “Basta de erros, basta de promessas, basta de facturas fora de horas, basta de códigos de pagamento caducos, basta de valores exorbitantes, basta de estimativas irrealistas, basta de telefones não atendidos, basta de comunicação errática”, leu José Maria Costa.

Os autarcas informaram que, na última reunião com a empresa, o presidente do conselho de administração da AdAM “garantiu aos municípios que a última factura emitida, a que se juntou a famigerada factura ‘amarela’ de correcção e suspensão da facturação, será a última influenciada pelos problemas resultantes da agregação”. Desse encontro, saiu outra garantia: “A próxima factura será emitida através de um novo sistema que beneficiará leituras reais e estará mais capaz de detectar erros inopinados.”

Miguel Alves, presidente da Câmara Municipal de Caminha, referiu, no final da leitura do comunicado, que a AdAM garantiu “novas vias de comunicação” para atender aos munícipes dos sete concelhos integrantes da parceria com a AdP através do recrutamento “de mais recursos humanos”.

E se esses erros não forem corrigidos? “Se não acontecer, temos de tomar medidas. Não queria levantar cenários do que poderá acontecer. Não há outro caminho que não o de melhorar o serviço”, respondeu Miguel Alves. Para “corresponder aos objectivos” da parceira com aquelas autarquias do Alto Minho, a AdAM terá “mudar de vida”, afirmou, apontando uma data para essa transformação: “O prazo é relativamente óbvio: a próxima factura, que já beneficia do sistema próprio e não agregado.”

Os autarcas revelaram também que vão “solicitar uma reunião, com carácter de urgência,” ao ministro do Ambiente de forma a dar conta das “preocupações e expectativas quanto ao novo ciclo da AdAM, que deverá contar com total empenho” do Estado, já que a empresa é “100% pública”.

Em Abril de 2020, a facturação foi suspensa após terem sido detectados erros “que afectaram 15 mil pessoas”, indica a Lusa. A regularização desses consumos iniciou em Janeiro. Por outro lado, a AdAM anunciou, esta semana, ter iniciado uma “campanha que prevê uma redução na conta da água a quem aderir à factura electrónica”, informa a agência noticiosa.

Entretanto, a CDU anunciou o lançamento de uma campanha “que visa criar condições para reverter a criação da empresa” e devolver a gestão das redes de água e saneamento aos municípios da região”. Na conferência de imprensa, Miguel Alves insistiu que as autarquias accionistas não contemplam “outro plano que não o cumprimento do plano de administração”.

A fusão dos serviços municipais de águas e saneamento dos sete municípios assegurou um “investimento de 271 milhões, em 30 anos, para renovar, manter e ampliar as infra-estruturas” daquele território.

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