Associações de espectáculos pedem pelo menos 2,5% da “bazuca” para a cultura
Um conjunto de associações ligadas à organização de espetáculos defendeu este domingo que o “mínimo” que o país pode fazer é investir na cultura pelo menos 2,5% dos fundos da “bazuca” europeia de resposta à crise provocada pela pandemia.
Num curto texto dirigido a Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Graça Fonseca, a Associação Espectáculo — Agentes e Produtores Portugueses (AEAPP), a Associação Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos (APEFE), a Associação Portuguesa de Festivais de Música (APORFEST) e a Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE) relembram as quebras financeiras de um dos sectores mais afectados pela pandemia, superiores a 80% em 2020, e a necessidade de incluir a cultura entre os beneficiários dos fundos comunitários para a recuperação económica. “2,5% das verbas da bazuca europeia para a cultura é o mínimo que uma sociedade civilizada, moderna e democrática pode investir. 2,5% para a Cultura é o mínimo que esperamos de Vossas Excelências”, afirmam os representantes do sector na carta aberta que foi enviada aos destinatários este domingo.
Em declarações à Lusa, Luís Pardelha, da direcção da APEFE, referiu que o valor de 2,5% está em linha com o que será adstrito pelos fundos de recuperação ao sector da cultura noutros países, defendendo que as quebras superiores a 80% representam “um número avassalador, um verdadeiro terramoto no sector”. A discussão pública para a distribuição das verbas comunitárias, que começa na segunda-feira, justifica que a carta tenha sido enviada hoje, um dia antes do arranque dessa discussão, pretendendo ser “um alerta para as autoridades e a opinião pública”. “Não é uma forma de pressão, é uma forma de alerta”, reforçou Luís Pardelha, que disse que o sector manteve sempre uma “atitude responsável” e de cumprimento das regras e restrições.
Em curso estão conversações com o Governo e autoridades de saúde para procurar entendimentos e soluções que permitam retomar alguma actividade — não só ao nível de grandes eventos, como os festivais de Verão, mas também de outros de menor dimensão, como eventos municipais, que trariam um nível de actividade essencial para a sobrevivência das empresas. “Há uma cadeia de valor imensa em suspenso à espera de saber o que vai acontecer”, disse Luís Pardelha, recordando que está prestes a fazer um ano que a pandemia obrigou aos primeiros cancelamentos de espectáculos no país.
O responsável da APEFE disse que a atitude responsável do sector ao longo da pandemia “merece um voto de confiança” por parte do Governo, mas referiu igualmente que, mais do que um voto de confiança, o sector precisa de apoio financeiro e de poder trabalhar.