Três produtoras de cinema lançam videoclube online a favor da União Audiovisual

A iniciativa, designada Filmes para a União, reúne longas e curtas-metragens produzidas pela O Som e a Fúria, Terratreme Filmes e Uma Pedra no Sapato. Começa segunda-feira.

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A Fábrica de Nada, de Pedro Pinho DR

Três produtoras portuguesas de cinema juntaram-se para disponibilizarem filmes em exibição semanal online paga, com as receitas a reverterem para o grupo solidário União Audiovisual, revelou esta sexta-feira à agência Lusa o produtor Luís Urbano.

A iniciativa, que começa na segunda-feira, chama-se Filmes para a União e reúne longas e curtas-metragens produzidas pela O Som e a Fúria, Terratreme Filmes e Uma Pedra no Sapato, que serão disponibilizadas na plataforma digital Vimeo e cujo valor do aluguer será canalizado para aquele grupo solidário, surgido em contexto de pandemia da covid-19.

Estamos perante uma crise no nosso sector, que não passa só pela questão de não termos salas para pôr os nossos filmes, mas impede a nossa actividade regular de produtoras. [...] Tem um impacto bastante negativo na criação de emprego no sector e as pessoas que dependem deste sector  que são profissionais, técnicos, actores e há quem não consiga ter trabalho , e que estão a viver imensas dificuldades”, alertou o produtor.

A produtora O Som e a Fúria já tinha avançado em Janeiro com a iniciativa de disponibilizar online alguns dos filmes já produzidos e exibidos em festivais, recuperando a “tradição das estreias” às quintas-feiras. O projecto é agora alargado, com as duas outras produtoras, juntando cerca de 30 filmes, e com uma intenção solidária.

A programação semanal está calendarizada até Maio e as condições de acesso serão disponibilizadas em “filmesparaauniao.wordpress.com”.

Os filmes da produtora Terratreme serão disponibilizados às segundas-feiras, os da Uma Pedra no Sapato às quartas-feiras e os da O Som e a Fúria às quintas-feiras.

A Fábrica de Nada, de Pedro PinhoAma-San, de Cláudia Varejão; Balada de um Batráquio, de Leonor TelesAs Mil e Uma Noites, de Miguel Gomes; Zama, de Lucrecia Martel; e Linha Vermelha, de José Filipe Costa, são alguns dos filmes a disponibilizar.

Com as salas de cinema novamente encerradas, por causa das medidas de contenção da covid-19, e com o aumento do consumo de conteúdos audiovisuais em televisão e plataformas de streaming, este tipo de iniciativas pode ser também um balão de ensaio para o futuro, como admitiu Luís Urbano. “Tudo o que eram as regras da janela de exibição de filmes estão neste momento alteradas. Num cenário de pós-pandemia, o que é que vai acontecer? Não sabemos. É possível que nos próximos dois, três anos o online ganhe uma relevância como complemento, e por vezes até alternativa, à exibição do cinema. Vamos ver o que sobrevive no cenário pós-pandémico. Vamos ver como é que a rede de salas conseguirá sobreviver e se se conseguirá manter”, disse.

Em 2020, as salas de cinema também estiveram encerradas durante mais de dois meses e reabriram de forma gradual em Junho, mas a assistência fixou-se em níveis muito baixos, fazendo com que se registassem perdas de mais de 75% tanto em número de espectadores como em receitas de bilheteira, comparando com 2019.

A União Audiovisual é um grupo de entreajuda criado em Março de 2020, quando a actividade cultural ficou paralisada por causa da covid-19, e conta com cerca de duas dezenas de pontos de recolha de bens alimentares e de primeira necessidade, no continente e nos Açores, que são distribuídos por profissionais das artes audiovisuais.