Moção de confiança à direcção do CDS aprovada por 54,4% dos votos
Francisco Rodrigues dos Santos conseguiu 144 votos a favor e 113 contra. Oito conselheiros abstiveram-se. Nuno Magalhães, Hélder Amaral e vogal da comissão política pediram congresso antecipado. Vice-presidentes saíram em defesa de Rodrigues dos Santos.
A moção de confiança à direcção de Francisco Rodrigues dos Santos foi aprovada esta madrugada, com 144 votos a favor (54,4%), 113 (42,6%) contra e oito (3%) abstenções, num universo de 265 votantes, num conselho nacional que durou mais de 15 horas. Foi com esta iniciativa que o líder do CDS tentou legitimar a sua direcção, depois de várias demissões na sua equipa e do desafio de um congresso extraordinário antecipado lançado por Adolfo Mesquita Nunes.
Antes da votação, a porta-voz do partido, Cecília Anacoreta Correia, tinha pedido “mandato reforçado” aos conselheiros nacionais e atacou directamente Adolfo Mesquita Nunes ao dizer que quem “executou uma linha política e perdeu 13 deputados não é um salvador da pátria”.
Nas últimas horas várias vozes juntaram-se ao pedido de congresso antecipado, como as do ex-líder parlamentar, Nuno Magalhães, e de Hélder Amaral, ambos apoiantes de Adolfo Mesquita Nunes, além do próprio João Almeida, que assumiu discordância total com a actual liderança do partido. Nuno Magalhães considerou que o actual líder tem “legitimidade formal” mas precisa de “legitimidade política” e que isso só é permitido com uma clarificação em congresso.
O ex-deputado Hélder Amaral admitiu que “há muita coisa que o separa de Adolfo Mesquita Nunes”, mas considerou que seria “pouco inteligente” não aproveitar esta disponibilidade de “ouvir o que o Adolfo Mesquita Nunes traz de novo”.
Do lado da comissão política nacional, Pedro Pestana Bastos, que é vogal deste órgão e foi apoiante de Francisco Rodrigues dos Santos, também se juntou aos que defendem congresso extraordinário. Apesar de não ser “sensível a sondagens”, o democrata-cristão disse ter em conta o que os mais próximos e os mais distantes lhe dizem, além de referir a demissão de parte da direcção como argumento para se realizar a reunião magna do partido.
Com uma posição totalmente contrária, Fernando de Almeida, vice-presidente da distrital de Aveiro, fez uma intervenção dura, acusando os apoiantes de Adolfo Mesquita Nunes de “gravitarem à volta do partido” e se acharem “donos” do CDS.
Depois de a deputada Cecília Meireles dizer que “o partido está em risco”, Fernando de Almeida voltou a sugerir que a parlamentar abdicasse do cargo para permitir a entrada do líder do CDS: “Se o partido está em risco, dê lugar a Francisco Rodrigues dos Santos”.
Os vice-presidentes Sílvio Cervan e Paulo Duarte saíram em defesa da direcção, sustentando que este não é o momento para congresso, tendo em conta a preparação das autárquicas. Já de madrugada, Francisco Laplaine Guimarães, também vice-presidente, deixou um apelo: “Eu acredito que esta direcção ainda tem muita coisa boa para dar, está a preparar as eleições autárquicas e está determinada a levantar o CDS. Estamos a meio do mandato, deixem-nos trabalhar e ajudem o partido”.
O próprio coordenador autárquico, Fernando Barbosa, considerou que o pedido para “rolarem cabeças” e a realização de um congresso extraordinário antecipado é uma “irresponsabilidade” em ano de eleições locais. O dirigente, que lidera a distrital do Porto, salientou o trabalho de preparação das candidaturas e adiantou que as deslocações nesse âmbito estão a ser feitas “do seu bolso”. O pedido de congresso antecipado trouxe “instabilidade na organização das listas”, disse, admitindo uma reunião magna logo após as autárquicas.
O secretário-geral do CDS, Francisco Tavares, referiu-se à situação financeira herdada da anterior direcção, enumerando o passivo de 1,2 milhões de euros, dívidas, ameaças de execução. O dirigente disse ter encontrado um partido “desfraldado”.
O líder do CDS também recebeu o apoio do representante da Tendência Esperança em Movimento, corrente interna do CDS, Mário Cunha Reis, que anunciou o voto favorável à moção de confiança.
Num gesto de reconciliação, já esta noite, Adolfo Mesquita disse ter “confiança” no presidente do conselho nacional e salientou a importância da saída de uma “mensagem de união” de ambos da reunião. “Estou disponível para qualquer debate sobre o que fiz no partido, mas o importante agora é estarmos juntos para encontrar uma solução para a crise de sobrevivência em que nos encontramos”, disse, depois de esta manhã ter considerado que Filipe Anacoreta Correia tomou uma decisão “ilegal” e cobarde”.